A longa espera na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte em Caxias do Sul gerou preocupação e revolta entre os pais que buscaram atendimento para os filhos na tarde deste domingo. A reportagem chegou a UPA às 15h40min. A recepção estava lotada e pelo menos 25 crianças esperavam por consulta. O pastor Thiago Oliveira dos Santos, 31 anos, disse ter chegado à unidade por volta das 11h em busca de atendimento para o filho Bruno Oliveira dos Santos, oito.
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— Eu consultei e ele ainda não foi chamado. Ele tem dor de cabeça, no ouvido e no corpo. Está com sinais de resfriado e a espera é longa —reclamou.
O que mais angustiava alguns pais era a febre alta que a maioria das crianças apresentava. A pequena Nicoly Oliveira Fusconi, seis anos, estava com 39,5 graus de febre. Com as bochechas vermelhas, a menina dormia em uma cadeira ou no colo da mãe enquanto aguardava consulta. A mãe dela, a vendedora Kelen Souza Oliveira, 29, estava preocupada com a situação:
— Não tem médicos no Postão (Pronto-Atendimento 24 Horas) e as crianças são mandadas pra cá ou os pais procuram a UPA direto. A triagem foi rápida, mas ela está com febre alta e não foi medicada ainda —desabafou.
Cauê Rocha Tappero, três, também dormia no colo do pai. O estofador Claudinei Tappero, 36, chegou com o menino ao meio-dia na UPA e por volta das 16h ainda não havia sido atendido:
— Ele acordou vomitando muito catarro. Pelo menos umas cinco vezes, e até agora não chamaram ele. O atendimento é bom, mas falta médico para atender a todos.
A autônoma Tatiele Barcellos Fantinel, 28, estava com o filho Samuel Fantinel Rezende, um ano e seis meses, à espera de atendimento desde as 13h. Ela contou que o menino está em tratamento para pneumonia e estava com febre.
— A suspeita é que ele esteja com alergia à medicação que está tomando para a pneumonia. Ele estava com 38 graus de febre — afirmou a mãe.
Posição da UPA
De acordo com a assessoria de imprensa da UPA Zona Norte, a falta de pediatras no Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão) entre as 8h às 20h torna a unidade referência em pediatria. Para atender a demanda, houve reforço no quadro de pediatras durante o dia, sendo que três profissionais estavam de plantão. Contudo, o número de pacientes aumentou consideravelmente levando em conta as condições climáticas da cidade, que aumentam os casos de doenças respiratórias, gripe e resfriados.
Apesar de contar com três pediatras, a menina Nicoly Oliveira Fusconi, foi atendida por uma clínica geral. A reportagem teve acesso a receita onde consta o carimbo da profissional. O atendimento gera questionamento aos pais, sobre o porque o atendimento não ser prestado por um pediatra.
O que diz a secretaria de Saúde
De acordo com o secretário da Saúde, Geraldo da Rocha Freitas Júnior, o motivo da falta de pediatras ocorre frequentemente devido a dificuldade de preencher a escala de médicos para o plantão:
— Não estamos conseguindo preencher as vagas de médicos (pediatras), mesmo com os concursos. Atualmente, é difícil conseguir pediatras no mercado, é uma especialidade que tem cada vez menos procura.
Modelo do Postão se esgotou, diz prefeito
O prefeito Daniel Guerra (PRB) afirmou em coletiva de imprensa na última sexta-feira que um serviço de urgência e emergência é mais eficiente no modelo de gestão compartilhada. Guerra citou como exemplo a UPA, que conta com 14 pediatras e, segundo ele, nunca teve problema de atendimento. No Postão, ao contrário, segundo o prefeito, mesmo com 19 profissionais a dificuldade para compor as escalas vem fazendo com que não haja atendimento pediátrico em diversos fins de semana. Contudo, neste domingo, nem mesmo com reforço a unidade conseguiu atender a demanda.
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