Entre as muitas promessas, poucas foram as realizações nos últimos anos por parte do poder público em favor dos ciclistas em Caxias. A maioria delas, inclusive, resultou em polêmica. A mais conhecida a instalação de uma ciclovia de 700 metros no acesso ao bairro Forqueta. Considerado inadequado para a maioria dos ciclistas por estar em um local isolado e não levar a lugar nenhum, a pista é alvo de insatisfação de boa parte dos moradores que frequentemente pedem a retirada da sinalização.
No período de campanha, em 2012, panfletos do então candidato à prefeitura Alceu Barbosa Velho (PDT) prometiam a instalação de 20 quilômetros de ciclovia em Caxias. No período em que ocupou efetivamente o cargo, apenas 700 metros foram instalados.
A ciclofaixa de lazer instalada ao longo de seis quilômetros na Avenida Ruben Bento Alves (Perimetral Norte), em 2012, que funcionava aos domingos, foi removida cerca de dois anos depois. Na época, a prefeitura de Caxias, na gestão de Alceu Barbosa Velho, alegou que a faixa seria transferida para os Pavilhões da Festa da Uva, local que já tinha estrutura pré-existente para tráfego de bicicletas.
O acúmulo de frustrações torna a comunidade de ciclistas cética com novas promessas. Porém, o atual secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Cristiano de Abreu Soares, garante que a pauta está sendo considerada. Ele assegura possuir conhecimento do tema porque utiliza a bicicleta como meio de transporte e lazer. Por outro lado, afirma a necessidade de haver cautela para que "erros não sejam cometidos novamente".
— A pior coisa que poderia ser feita é o mau investimento com dinheiro público. A própria ciclovia de Forqueta é um exemplo, que acaba sendo subutilizada. Precisa ser muito bem planejada. Estamos analisando a reivindicação do grupo de ciclistas que pede a instalação de ciclofaixas junto aos corredores de ônibus. Confesso que vejo com bons olhos a proposta — afirma Soares.
Ele reitera que já há projetos prestes a serem executados. O mais imediato será a implantação de uma ciclovia interligando a frente da empresa Marcopolo, em Ana Rech, ao centro do mesmo bairro. O percurso entre os pontos é de cerca de 1,7 quilômetros.
— Queremos alinhavar detalhes com a empresa. Isso vai ajudar a eles, porque há muitos funcionários que moram ali naquela região. Nossa ideia é que a Marcopolo incentive esse transporte e talvez contribua instalando equipamentos como bicicletários — comenta o secretário.
A expectativa, segundo ele, é instalar a ciclovia em Ana Rech até o final deste ano. Após, Cristiano afirma que pretende estudar a possibilidade de ligação por meio de sistema cicloviário entre três importantes pontos da área central da cidade:
— Meu sonho é ligar os parques. Começar pelo (Parque) Cinquentenário até a Praça Dante e depois para o Parque dos Macaquinhos. Se seguirmos o corredor dos ônibus, fica fácil ligar até lá. Uma vez chegando naquele ponto, poderíamos projetar interligação com a Maesa, quem sabe, em seguida à EPI Imigrante, e depois com a Luiz Michielon. Seria, de fato, um sistema sendo criado — ressalta.
Com relação à possibilidade de ser cobrado pelas promessas, Cristiano afirma que não vê problemas e, inclusive, acha importante o engajamento de ciclistas nas reinvindicações.
— Precisamos ser provocados mesmo pelos grupos ciclísticos para por em prática as demandas. Eles precisam voltar a se apropriar do assunto. Só assim saberemos o tamanho do movimento e as melhores medidas que podemos adotar — reafirma.
O QUE SERÁ FEITO:
:: Curto prazo: Município deve começar nos próximos meses instalação de ciclovia entre Marcopolo e centro de Ana Rech. Intenção é inaugurar ainda neste ano.
:: Médio prazo: Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade analisará proposta de implantação de ciclofaixa nos corredores junto aos corredores de ônibus da cidade.
:: Médio e longo prazo: prefeitura precisará concluir até abril de 2019 o Plano de Mobilidade Urbana, que incluir uma malha cicloviária, exigência do governo federal para todos os municípios com mais de 20 mil habitantes.