A escola de Ensino Médio e profissionalizante da Universidade de Caxias do Sul (Cetec) que funciona há cinco anos no bairro Santa Fé, na zona norte de Caxias do Sul, corre o risco de ser fechada. Por conta da redução de gastos, a mantenedora já teria informado a líderes comunitários que o serviço não será ofertado no próximo ano. À reportagem, a UCS afirma que estuda um outro "formato".
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Por se tratar de importante vínculo entre moradores de uma região vulnerável com o ensino privado ofertado de maneira gratuita pela universidade, a comunidade está mobilizada. Além do abaixo-assinado que corre entre os moradores, pais têm se reunido com integrantes do conselho da UCS, como a Mitra Diocesana e a Câmara da Indústria e Comercio (CIC), para tentar sensibilizar os representantes.
– Estamos indo em reuniões com o bispo, vereadores, CIC, e iremos colher quantas assinaturas for preciso para que a escola não feche. Além de formar pessoas para a sociedade, ele amadurece o caráter e a mentalidade. O ensino é muito bom – elogia a representante comercial Marcia Carpes, mãe de um aluno que frequenta e de outro que já se formou no Cetec.
É o futuro dos 64 alunos que moram em 12 bairros como Vila Ipê, Santa Fé, Cânyon e Portal da Maestra, entre outros, que está em jogo. Todos os estudantes são bolsistas e, graças à atividade filantrópica da UCS, eles têm acesso a toda estrutura da universidade e outros serviços como biblioteca, curso de idiomas, oficina de danças e teatro. O ingresso ao Cetec Santa Fé é feito por meio de uma prova e da comprovação de renda. No último ano, 95 alunos se inscreveram para as 24 vagas do primeiro ano do Ensino Médio, numa disputa de quase quatro candidatos por vaga.
– Há uma ligação muito forte entre os alunos e a escola. O foco de muitos jovens é fazer um ensino fundamental forte para conseguir passar na prova e estudar aqui. Acolhemos estudantes com situação financeira e social bastante delicada – afirma a professora Marisa Fernandes, que coordena a unidade no Santa Fé.
Segundo ela, nos últimos dois anos, a taxa de aprovação em vestibular de alunos egressos da unidade é de 100%, afirma.
– Hoje mesmo, dois alunos vieram pedir documentos para encaminhar para faculdades porque foram aprovados com notas boas, e então conseguiram bolsas de estudo. É uma referência para a região Norte, sem dúvida– avalia.
UCS não descarta fechamento
O coordenador da Escola de Ensino Médio e Profissionalizante da UCS (Cetec), Nilseu Paulo Tortelli, lamenta a possibilidade de a unidade do Santa Fé fechar as portas. O serviço funciona em um espaço cedido pelo Centro Murialdo Santa Fé e conta com 15 professores contratados pela UCS.
– Não há nada decidido, mas está se estudando o futuro do Cetec Santa Fé. Há ideia de expandir a filantropia, passando para toda a cidade e não só para a Zona Norte. Ampliando o número de bolsistas no Cetec ou uma outra maneira de universalizar a filantropia para o Ensino Médio – diz Tortelli.
Coordenador do Murialdo Santa Fé, o frei Emiliano Dantas já se reuniu com o presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul (Fucs), Ambrósio Luiz Bonalume, que teria adiantado o fechamento do serviço.
– O Bonalume me explicou o processo de crise e justificou que a unidade não consegue se manter. Visando salvar outros serviços, ele disse que seria necessário o fechamento da unidade. Porém, os alunos teriam a modalidade de bolsa no Cetec – afirma Dantas.
O Pioneiro tentou contato com o presidente da Fucs, mas ele não foi localizado.