Durante muitos anos, o caxiense Glademir Antonio Lorensi, 49 anos, atuou no movimento LGBT em Porto Alegre. Entre as tarefas de militante, a defesa dos direitos dos homossexuais e a prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. Ironicamente, acabou infectado pelo vírus da Aids. A descoberta veio há 17 anos, quando fez exames para tratar um cálculo renal. A pedido do médico, acabou fazendo também o teste de HIV, que deu positivo. Para ele, uma surpresa.
– Sempre me cuidei – defende.
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Lorensi não sabe exatamente quando nem como pegou o vírus, mas imagina que tenha sido durante o sexo oral. Como descobriu, tempos depois, que tinha gengivite, acha que essa foi a porta de entrada para o HIV. Desde então, ele realiza o mesmo tratamento, que inclui três comprimidos por dia. Mas foi há cinco anos, quando retornou a Caxias, que passou a cuidar mais da saúde. Começou a praticar exercícios e adotou uma alimentação saudável.
O uso correto da medicação aliado aos cuidados com o corpo garantem a Lorensi uma vida normal. Ele nunca teve as chamadas doenças oportunistas, que se aproveitam da fraqueza do sistema imunológico, como tuberculose e pneumonia, por exemplo.
– Sou HIV positivo, mas não me tornei um doente de Aids – frisa.
Embora saiba que a doença não tem cura, Lorensi procura não se abater nem se vitimizar. Acredita, inclusive, que a sua vida melhorou após o diagnóstico. Não que ele desejasse ser soropositivo, mas tenta ver o lado bom da história:
– A vida da gente é tão agitada e a gente tem que parar, porque a morte se coloca. A Aids, na verdade, traz uma discussão sobre a vida.
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Ele não costuma contar sua condição, mas resolveu mostrar o rosto nesta reportagem. E deixa um apelo por uma sociedade sem preconceito.
– As pessoas tem que entender que pode ter alguém ao seu lado com Aids ou que elas mesmas podem ter a doença sem saber – alerta.