Após a tragédia ocorrida no último domingo, uma parente da família Pasquali afirmou que Nereu, o pai de Roberto, sofria de um transtorno mental, possivelmente esquizofrenia. A informação ainda não foi confirmada oficialmente, mas a reportagem de "AN" conversou com uma especialista para saber mais sobre a doença. De acordo com a terapeuta ocupacional e coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial de Joinville, Schirlei Vicente dos Santos, a condição genética é muito predominante entre os pacientes com o transtorno.
- Quando a gente faz entrevistas com nossos usuários, uma das primeiras perguntas é sobre o contexto familiar. Sempre tem ali um familiar com uma depressão, um transtorno bipolar ou esquizofrenia - conta.
No entanto, Schirlei esclarece que isso não é determinante, já que há muitos casos em que os filhos não desenvolveram um transtorno mental e ainda são os responsáveis por cuidar dos pais esquizofrênicos.
A doença costuma se manifestar, na primeira crise, na adolescência ou início da vida adulta, entre 18 e 25 anos. Os sintomas se dividem em duas categorias e são chamados de negativos e positivos. Os sintomas negativos são aqueles como o isolamento social e o embotamento afetivo, em que a pessoa tem dificuldades em se relacionar ou trabalhar.
Os positivos são os delírios e as alucinações. O paciente pode ter alucinações auditivas, visuais, táteis, sensitivas ou sensoriais, desde sintomas como ouvir vozes até sentir animais andando pelo corpo. Ainda pode haver delírios de que alguém está colocando veneno na comida ou que a pessoa não é mais ela mesma. De acordo com a especialista, os sintomas mais frequentes são ouvir vozes e ver vultos.
Sintomas são gradativos, diz especialista
Os sintomas da esquizofrenia, geralmente, aparecem gradativamente, como a agressividade, hostilidade ou isolamento social. Segundo Schirlei, dificilmente a pessoa dorme muito bem em um dia e acorda muito mal no outro. Por isso, é importante a família estar atenta ao comportamento e aos hábitos sociais das pessoas.
- Eu não tenho recordação de que uma primeira crise tenha ocasionado um assassinato. A gente já teve casos aqui de assassinatos com pacientes psicóticos, mas nenhum em primeira crise. Joinville já presenciou outros casos, mas todos tinham esquizofrenia há muitos anos - relembra.
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Schirlei ainda afirma que vincular a esquizofrenia com o potencial homicida é muito perigoso e delicado. Segundo ela, as estatísticas em Joinville mostram que a tendência é mais ao suicídio do que situações de homicídio porque se trata de pessoas que sofrem com os próprios sintomas e também com o preconceito da sociedade.
Tragédia
Transtorno e tragédia podem estar ligados em chacina ocorrida em Joinville
A terapeuta Schirlei Vicente dos Santos diz que a condição genética é predominante entre os pacientes com transtornos mentais, mas sintomas aparecem gradativamente
Hassan Farias
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