O promotor Evandro Lobato Kaltbach, de São Marcos, na Serra, é investigado pela Corregedoria do Ministério Público (MP) por supostamente ter ameaçado o segurança de uma casa noturna da cidade, no dia 2 de abril. Câmeras de vigilância do Jack Pub flagraram a cena em que Kaltbach aparece com uma arma em punho (veja no vídeo abaixo) enquanto discute com o homem, que trabalhava junto à portaria do estabelecimento.
A confusão teria começado porque, de acordo com o promotor, duas pessoas que estavam em frente ao bar atrapalhavam o sono dele e o dos moradores da Avenida Venâncio Aires, onde está localizada a casa noturna. Kaltbach diz ter acordado com os gritos, por volta das 4h, e, ao exigir que fizessem silêncio, foi desafiado. As imagens o mostram saindo de um edifício (de bermuda clara e chinelos) e indo em direção ao pub.
Os dois homens que estariam promovendo a bagunça entram no bar, enquanto o promotor é abordado por outras duas pessoas. Em seguida, ele se dirige à porta do Jack e, com a arma na mão direita, discute com um segurança. Ele é interpelado por um homem. Instantes depois, retira-se do local.
– Quando desceu (do prédio em que mora), meus seguranças pediram para ele ir embora. Nisso, ele atravessa a rua e nem vai nos caras que estavam conversando alto. Ele ameaçou meu segurança. O que a pessoa tem na cabeça? Ele tem de defender a lei, não pode vir aqui e achar que é o cara, acima da lei – afirma o empresário Fabio Broetto, dono do Jack Pub.
"É uma vingança", alega promotor
A versão de Kaltbach é diferente. Ele relatou ao Pioneiro que os dois homens, além de importunar os moradores do bairro, estavam dirigindo de maneira perigosa – dando cavalinho de pau com um carro – na Avenida Venâncio Aires, o que forçava uma intervenção. O promotor garante ter telefonado para a Brigada Militar, que não tinha, segundo ele, uma equipe para ir ao local. Kaltbach, então, resolveu agir para retomar a ordem e utilizou a arma para garantir a sua integridade física:
– Os vizinhos, me visualizando, instaram a fazer cessar a baderna. Foi unicamente o que fiz, no mais estreito cumprimento do meu dever legal. Restabeleci a paz, a ordem, a tranquilidade e o sossego de todos aqueles moradores. Eu tenho porte funcional e registro da arma de fogo. Estou numa situação que demanda a minha segurança, porque não estou sabendo com quem estou lidando naquele momento. É óbvio que se fazia necessário (andar armado), para a minha segurança. Em nenhum momento houve ameaça a quem quer que seja.
Após o incidente, o Jack Pub foi fechado pela prefeitura da cidade, que constatou irregularidades, como a largura do corredor de circulação do bar abaixo dos padrões e problemas na saída de emergência e nos banheiros. Conforme o promotor, o dono da casa noturna, inconformado com a punição, quer se vingar:
– É uma vingança, já que ele (Fabio Broetto) teve o estabelecimento interditado por atuação do Ministério Público e da prefeitura. Assim, tendo sido atingido em seus interesses econômicos, ele tomou essa situação como própria com o intuito de intimidar a atuação do MP.
A Corregedoria do MP salienta que não pode se manifestar sobre o caso, pois ele tramita em segredo de Justiça. O relatório conclusivo será enviado para o Conselho Superior do Ministério Público. Se o processo administrativo for adiante, Kaltbach pode ser julgado por uma turma especial do órgão.