A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente, na manhã desta sexta-feira, em nova fase da Operação Lava-Jato, o empresário Lúcio Bolonha Funaro, amigo do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele será encaminhado para custódia da PF em Brasília.
Funaro é suspeito de receber subornos de grandes empresas em parceria com o parlamentar. Esta nova etapa da Lava-Jato, chamada de Operação Sépsis, faz buscas na Eldorado Brasil, empresa do grupo J&F, proprietário da JBS, e na casa de seu presidente, o empresário Joesley Batista. Além dele, o empresário Henrique Constantino, herdeiro da Gol Linhas Aéreas, também foi alvo de mandado de busca e apreensão.
O nome Sépsis faz referência ao quadro de infecção generalizada, quando um agente infeccioso afeta mais de um órgão. Os 20 mandados (19 de busca e apreensão e um de prisão preventiva) foram expedidos pelo ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles foram cumpridos no Estado de São Paulo (10 na capital, um em Sorocaba e um em Lins), em Recife (três), Rio de Janeiro (dois) e Brasília (dois). O mandado de prisão preventiva foi cumprido na capital paulista.
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A ação da PF tem origem em duas delações premiadas: a do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto e a do ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas, Nelson Mello. Segundo Cleto, Eduardo Cunha teria embolsado 1% de um negócio de R$ 940 milhões aprovado pelo FI-FGTS com a empresa Eldorado Brasil. O deputado rebateu a acusação e desafiou a "qualquer um provar a veracidade dessas delações".
Nelson Mello afirmou em seu depoimento aos procuradores que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para efetuar os repasses. Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra – outro alvo da operação desta sexta-feira – seriam os responsáveis por distribuir o dinheiro para os senadores. Lyra é ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Conforme o portal G1, os principais alvos desta fase da Lava-Jato são:
– Lúcio Funaro, doleiro ligado a Eduardo Cunha
– Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F
– Eldorado Brasil, braço de celulose da J&F Investimentos (a J&F Investimento é dona da JBS e é de propriedade da famíla Batista)
– Milton Lira, lobista
– Cone Multimodal, empresa de infraestrutura industrial e logística multimodal
– Henrique Constantino, empresário, herdeiro da Gol Linhas Aéreas
A empresa Eldorado Brasil, do ramo de celulose, pertence ao mesmo grupo da JBS: o J&F, cujo presidente é o empresário Joesley Batista. Em nota à imprensa, a JBS negou que seja alvo da operação da PF nesta sexta-feira. Confira o comunicado:
"A JBS comunica a seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação às notícias veiculadas na data de hoje pela imprensa, a Companhia, bem como seus executivos, não é alvo e não está relacionada com a operação da Polícia Federal ocorrida na manhã de hoje."
Também por meio de nota, a Eldorado Brasil confirmou a operação realizada nesta sexta-feira, mas alegou desconhecer as razões e o objetivo da ação:
"A Eldorado Brasil confirma que a Polícia Federal realizou busca e apreensão em suas dependências em São Paulo na manhã de hoje. A companhia desconhece as razões e o objetivo desta ação e prestou todas as informações solicitadas. A companhia sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade. A companhia se mantém à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais."
A assessoria de Constantino também divulgou nota:
"A Via Rondon informa que, um de seus diretores, Henrique Constantino, foi procurado na manhã desta sexta-feira pelo MPF para apresentar a documentação pertinente a empréstimo tomado junto ao Fundo Investimentos FGTS, solicitação esta que foi prontamente atendida. Ressaltamos que a solicitação do MPF está relacionada unicamente com a Via Rondon e não possui qualquer relação com outras empresas da família Constantino."