Levantamento da prefeitura aponta que cerca de 480 famílias vivem à beira da Rota do Sol, em Caxias do Sul, na altura dos bairros Santa Fé e Cidade Industrial. A Secretaria da Habitação constrói o projeto Rota Nova, dedicado a abrigar esses moradores e com previsão de ser entregue no ano que vem. O problema é que a construção prevê 420 apartamentos, número definido de acordo com estimativa feita em 2013. De lá para cá, o número de ocupações irregulares aumentou e a prefeitura ainda não tem plano concreto para remoção das 60 famílias que não serão beneficiadas. Uma opção cogitada é o Minha Casa, Minha Vida, o que depende de liberação do governo federal.
Uma das famílias que está cadastrada e aguarda remoção é a do pedreiro Pedro Evandro Ribeiro da Silva, 48 anos. Nem um incêndio, que destruiu a casa há 11 anos, fez a família desistir de viver à beira da Rota do Sol (RSC-453), no bairro Santa Fé.
Naquela época, Pedro morava com a mulher, Ireni Santos da Silva, 52, e três filhos. Ninguém estava na moradia quando o fogo começou, provavelmente em função de um curto-circuito. Sem condições de comprar ou alugar imóvel em outro endereço, o pedreiro que veio de Barracão reconstruiu a casa onde vive até hoje.
A família cresceu. O filho mais velho do casal, Marcos da Silva, 28, casou e vive com a mulher, Ariane da Silva, 24, e os três filhos no porão da casa do pai. Nos dias muito frios, as crianças dormem no piso superior com os avós, que ainda abrigam outro filho, Leonardo da Silva, 21 _ o terceiro filho não mora com a família.
Os Silva ainda levaram mais um susto, há seis anos: eles dormiam quando um caminhão perdeu o controle e chegou a encostar na casa, felizmente sem causar danos.
– Se eu tivesse tipo oportunidade, claro que não estaria aqui – conta Pedro, que foi para o Santa Fé quando um parente lhe cedeu espaço para erguer a casa.
Como são duas famílias, os Silva estão cadastrados na Secretaria da Habitação para mudar para dois apartamentos no Rota Nova. Enquanto aguardam a mudança, convivem com o risco diário: apenas dois metros separam a porta da casa da rodovia.
– A gente descansa em Deus – diz Pedro, sobre o risco de um acidente.