Preocupada com a segurança dos alunos, a direção da Escola Estadual José Venzon Eberle, no bairro Bela Vista em Caxias do Sul, cancelou as aulas hoje e permanecerá fechada até que a rede elétrica seja consertada. Sem os reparos necessários, há risco iminente de incêndio no local.
De acordo com a vice-diretora Noci Casara, o problema vem se arrastando há cerca de dois anos e se intensificou no último sábado, quando professores, pais e alunos faziam um mutirão para promover melhorias na escola antes de as aulas iniciarem. Durante o serviço, foram percebidos curtos na rede e alguns espaços ficaram às escuras.
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Na segunda feira, primeiro dia do ano letivo, ao ligar os disjuntores, começaram a ocorrer estouros na rede elétrica e a direção optou por desligar a energia. Desde então, os 420 alunos estão estudando sem luz dentro das salas e a escola enfrenta transtornos.
As matrículas são feitas à mão e para fazer a confirmação no sistema do município, estão sendo usados computador e internet de um vizinho. Sem a máquina de cópias, o velho mimeógrafo, que estava obsoleto há anos, foi retirado do armário para a preparar atividades. Para avisar o horário do recreio, foi utilizada uma sineta.
O problema, no entanto, parece ser ainda mais antigo. Em 8 de outubro de 2013, o Pioneiro já havia publicado uma reportagem mostrando os problemas da escola. Na época, a Coordenadoria Regional de Obras Públicas (CROP) prometeu um projeto de reformas em 10 dias e posterior encaminhamento, em regime de urgência, para licitação, o que nunca ocorreu.
- Engenheiros e eletricistas já vieram fazer a revisão e indicaram que toda a rede deveria ser trocada por ser muito antiga. Temos solicitado os reparos junto à 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE), mas o governo não libera a verba -conta a supervisora da escola, Eliane Boeira da Silva.
Para Magdiani Pegoraro, presidente do Conselho Escolar e mãe de aluno, os pais não se sentem seguros em mandar seus filhos para a escola sabendo que há risco de ocorrer um incêndio. Além disso, a falta de luz atrapalha o cumprimento do currículo escolar.
- A situação está complicada porque não tem como utilizar a biblioteca, por causa do escuro. Segunda-feira, eles teriam aula de informática, que precisou ser cancelada. Sem luz não tem como respeitar o currículo - explica Magdiani.
O coordenador da 4ª CRE, Paulo Fernando Périco, visitou a José Venzon na tarde de ontem e informou que foi liberada, semana passada, uma verba de R$ 2 mil para fazer a troca dos comandos de conexão em toda a escola, o que resolveria parcialmente o problema:
- Como aqui era para funcionar uma escola técnica de elétrica, há uma subestação de energia e toda a fiação era preparada para este tipo de atividade, o que acabou nunca se concretizando.
Segundo Périco, ontem uma equipe de uma empresa privada iria verificar a subestação e, se possível, fazer os primeiros ajustes necessários.
Professora optou por dar aulas no pátio
Para enfrentar as dificuldades dos primeiros dias de aula sem energia elétrica, a professora Olga Gioconda Lovato tem levado sua turma do 5º ano para assistir às aulas no pátio coberto.
- As salas ficam muito escuras. Se abrirmos as cortinas, a luz do sol pega diretamente no quadro e os alunos não enxergam. Se fechamos, a sala fica muito abafada e não podemos ligar os ventiladores. Então, um aluno deu a ideia de irmos para fora, onde a iluminação é melhor, o sol não pega diretamente no quadro e ainda tem um ventinho - conta.
Ao chegar, os alunos já levam classes e cadeiras para o pátio, guardam tudo para a hora do recreio, e a função se repete na volta do intervalo e no horário de ir embora.
- Parecia divertido no início, mas os alunos questionam e demonstram uma preocupação grande sobre como será se o problema se estender por mais tempo - destaca Olga.
Na Aquilino Zatti, o problema é a merenda
Se na José Venzon o problema é a rede de energia elétrica, na Escola Estadual Aquilino Zatti, que iniciou as aulas ainda na semana passada, a dificuldade é a falta de merenda. O dinheiro para comprar os produtos só foi depositado na segunda-feira.
Segundo a direção da escola, a reserva que havia para a alimentação dos alunos já foi utilizada, e foram enviados bilhetes informando os pais que não seria servida a merenda por alguns dias.
No entanto, como a compra dos alimentos é feita por meio de licitação, e a carta-convite aos mercados foi enviada ontem, os estabelecimentos têm 10 dias para manifestar interesse em fornecer os produtos. Se tudo ocorrer conforme previsto, a expectativa é poder receber os alimentos até o dia 15 de março.
Educação
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