- Eu nunca pensei chegar tão perto de uma rainha da Festa da Uva. Elas são lindas, simpáticas, são gente como a gente - descrevia a moradora do bairro Pioneiro Ana Conte, 58 anos, ao entregar três cravos colhidos do quintal de um vizinho para entregar ao trio de rainha e princesas da Festa da Uva.
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Ana estava sorridente, mas não escondia o nervosismo ao se aproximar de Rafaelle Galiotto Furlan, Patrícia Piccoli Zanrosso e Laura Denardi Fritz em ação comunitária da Festa da Uva na manhã do sábado, no bairro Pioneiro. O singelo ato do se preocupar em colher flores para "não ir de mãos abanando" conhecer as jovens confirma que, mesmo após 83 anos de ser instituído, o posto de rainha e princesas da festividade ainda impõe respeito na comunidade. Além disso, mesmo que exija muito trabalho e sobre pouco tempo para o glamour, os trajes requintados e a visibilidade delas mexem com o imaginário de crianças e adultos, que acompanham cada passo das três implorando por fotos, abraços e até autógrafos. Dentro do carro, recebem acenos. Fora dele, chegam a ser aplaudidas. A comoção não se restringe aos caxienses:
- Essa foto vai para meu povo em Livramento. Quero que venham para a Festa - explicou a atendente Claudia Cabreira, ao avistar o trio em frente à farmácia que trabalha.
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A presença do trio, é claro, provoca alvoroço entre o público infantil, que deseja estar no lugar de Rafaelle. Lavinia Antônia da Silva Oliveira, oito anos, entregou algo precioso para as meninas na ação do bairro Pioneiro.
- Eu escrevi uma cartinha e desenhei elas e os Pavilhões da Festa da Uva. Estou ansiosa para ir lá, já que faço aniversário dia 18, último dia da festa - ensina Lavínia.
Às vésperas do evento, conheça a rotina da rainha e princesas da Festa da Uva
Essa admiração persiste devido à valorização da Festa e todos elementos que a envolve como patrimônio histórico, afirma o historiador Juventino Dal Bó. Ele lembra que, mesmo em meio à modernidade, o evento segue vivo por ser a expressão máxima da cultura da região.
- A festa é composta pelo tripé da escolha da rainha, o corso e a exposição nos pavilhões. Aos poucos, o corso e a exposição mudaram, mas a escolha não. Ela só cresceu. O povo se enxerga na rainha e nas princesas. Os mais velhos se sentem guardiões das edições passadas da festa, e conseguem ter ainda mais respeito pelo trio - lembra o historiador.
Soberanas
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