Se a intenção da comissão comunitária de 1996 era criar um atrativo que envolvesse a comunidade e resgatasse os costumes da região serrana, devolvendo o sentimento de pertencimento da Festa da Uva aos caxienses, hoje, 20 anos, pode-se se constatar que a missão das Olimpíadas Coloniais foi cumprida com excelência.
A cada edição, pelo menos mil pessoas incorporam o papel de colono e são desafiadas a amassar uvas com os pés, arremessar queijos com força, empurrar o amigo em uma cariola, entre outras atividades típicas. As competições, que começam neste fim de semana, fazem um sucesso entre a comunidade porque contam com um elemento importante: a admiração dos caxienses. Para tal, o envolvimento dos moradores começa desde a montagem da estrutura até a criação de brincadeiras para as olimpíadas.
É na comunidade de São Gotardo, em Vila Seca, que vive Nei Carlos Zanette, 49 anos, criador de duas provas adoradas pelo público. Na Festa de 1998, momentos antes de as competições oficiais começarem, ele levou uma máquina para a praça central de Vila Seca e demonstrou aos participantes como costumava lidar na roça para debulhar a espiga e plantar o milho, hábito que cultivava desde os cinco anos.
Legado para a Festa
A brincadeira fez tanto sucesso que a organização da Festa resolveu incorporá-la ao calendário oficial desde o ano 2000. Zanette, que é pai da princesa da edição de 2012, Kellin, orgulha-se da contribuição que deixa para os colonos daqui. E quando o assunto é Festa da Uva, o agricultor, que também fornece a fruta para a prova de amassar uvas, não consegue disfarçar as lágrimas.
- Está no sangue da família, na história dos meus bisavôs. A uva é nossa base econômica desde sempre, e é uma honra contribuir para esta celebração, seja criando uma prova destas, ou expondo a minha uva. A olimpíada é um dos pontos altos da festa - afirma.
Com o passar do tempo, a prova ganhou velocidade e foi aprimorada. O regulamento prevê que duplas debulhem milho em três etapas, no menor espaço de tempo. Já a corrida de plantadeira de milho é prova solo, em que o competidor planta milho em 25 metros do percurso, comendo bolo e bebendo suco de uva o mais rapidamente possível. Difícil? Não para o campeão Zanette.
- Até gostaria de ter mais tempo para brincar, mas eu ajudo na organização. É algo que me deixa muito feliz, não me importo. Até porque é meu legado para a festa - orgulha-se.
A bocha versão compacta que Forqueta levou para a Festa
A brincadeira que lembra os costumes dos avós, que costumavam passar tardes jogando bocha nos salões das comunidades, foi adaptada para a Olimpíada Colonial. Para que gente de todas as idades possa participar - e em qualquer ambiente -, criou-se o Mini 48. A ideia de envolver a comunidade com o jogo é dos amigos Beroni Fortuna Ramos, 63 anos, e Antônio Sgarabotto, 56, moradores de Forqueta. Eles desenvolveram a competição em uma das edições da Festa do Vinho Novo, realizada na comunidade.
A ideia do jogo em versão compacta veio de Ibirairas, na região de Passo Fundo, onde Ramos morava antes de se estabelecer em Forqueta. O Mini 48 é um jogo de bocha realizado sobre um pedaço de madeira pequeno, chamado de cepo. O jogador deve se posicionar a quatro metros de distância e arremessar três vezes em um minuto, tentando derrubar as cinco bolas que estão sobre a madeira. Mas o que interessa mesmo não são as regras ou a quantidade de pessoas que se tornam adeptas da brincadeira. O que importa é que saiu dali, da união de forquetenses, uma prova que diverte uma penca de moradores todos os anos.
- Ficamos bem orgulhosos que acrescentamos algo para a Festa da Uva - afirma Ramos.
- Quando tem olimpíada, levantamos às 7h para trabalhar e arrumar a praça. Já ganhei medalhas com esta prova. É um esporte que qualquer criança pode participar. Nos deixa bem orgulhosos - garante Sbarabotto.
Vivências para turistas e caxienses
A organização da festa também reservou um pedacinho das Olimpíadas Coloniais para os turistas ou mesmo moradores de Caxias do Sul experimentarem e conhecerem os costumes e tradições da região. Aos sábados e domingos, ocorrem as Vivências da Olimpíada Colonial. A partir das 14h30min, quem passar pelo Pavilhão 2 poderá participar de várias provas, como amassar uva com os pés, debulhar milho, corrida de cariola e arremesso de queijo. A competição não é classificatória, mas garante muita diversão aos visitantes. Os interessados podem fazer as inscrições gratuitamente, na hora.
PROGRAME-SE
A abertura e o encerramento das Olimpíadas, que tradicionalmente ocorriam na Praça Dante Alighieri, serão realizadas na frente ao prédio da Maesa, na Rua Plácido de Castro. Nos demais fins de semana, as atrações ocorrem nos 10 distritos de Caxias, na Linha 40 e na 6ª Légua. Os atletas podem se inscrever no dia da prova, cerca de 30 minutos antes. Não há taxa de inscrição, e os vencedores das etapas locais se classificarão para a grande final, no dia 6 de março. Haverá premiação com brindes.
Confira como serão as provas neste fim de semana:
- Sábado
Prova urbana/imprensa, na frente da Maesa, Rua Plácido de Castro, às 9h30min
São Luiz da 6ª Légua, ao lado do Super Andreazza, às 15h30min
Domingo
Linha 40, em frente da igreja, às 9h30min
Santa Bárbara de Ana Rech, no campo de futebol, às 15h30min
FESTA DA UVA
Olimpíadas Coloniais começam neste final de semana
Jogos, que relembram tradições da colonização italiana, prometem reunir mais de mil competidores no interior e na cidade
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