A tradição de ter a Brigada Militar como a única responsável pela segurança durante os jogos nos estádios de Caxias do Sul deve chegar ao fim. Por conta do baixo efetivo e dos cortes de horas extras, Juventude e Caxias devem começar a assumir maior participação na segurança dos torcedores. A exemplo do que já é consagrado na Europa e que começou no Brasil na Copa do Mundo de 2014, prevê-se que entrem em cena em Caxias a figura dos stewards, como são conhecidos os chamados assistentes de torcedores.
A mudança, porém, será gradual e ainda não tem data para começar. Testes serão feitos em jogos menores, a partir de um planejamento entre a BM e os clubes em novos encontros.
- Nossa atenção é o policiamento ostensivo e o jogo de futebol é um evento privado. Estamos seguindo uma tendência mundial e dentro de uma realidade de escassez. Reunimos os dirigentes dos times e explicamos essa situação _ garante o subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), major Emerson Ubirajara.
Em jogos maiores, quando o fluxo de torcedores é maior, como o clássico Ca-Ju ou contra Grêmio e Inter, a corporação desloca cerca de 80 policiais para trabalharem pelo menos seis horas dentro e fora dos estádios. O cálculo é simples: são 480 horas trabalhadas em um único jogo. Isso significa, que essas horas poderiam estar sendo empregadas no policiamento.
Em 2015, por conta da contenção de gastos no governo estadual, 70 mil horas extras de policiais de Caxias foram cortadas, o que reduziu a presença de PMs nas ruas. Além disso, 80 servidores aposentaram-se ou pediram transferência da cidade.
- A sugestão é de que em jogos menores, sem histórico de problemas, os clubes comecem a assumir a vistoria nos portões. O que a comunidade e os torcedores precisam saber é que não vamos abandonar os clubes. Estaremos presentes - continua.
O QUE DIZEM OS DIRIGENTES:
"A BM falou da dificuldade que enfrenta em fazer o policiamento dos jogos. Eles vão continuar atendendo, mas precisam de auxílio. Serão estudados jogos para testar essa redução, para ver o comportamento dos torcedores, tudo em conjunto. Provavelmente, vão aumentar nossas despesas, não sabemos o quanto. De uma maneira ou de outra, isso vai acontecer, como já existe em Porto Alegre".
André Randon, 2º vice-presidente do Caxias
"Recebemos a solicitação de ajudar a minimizar o impacto da redução de efetivo. Somos parceiros da BM. Nos informaram o quadro atual da polícia e um pedido de auxílio para que continuemos a apresentar um espetáculo com segurança, com menos efetivo. Não podemos ir contra uma questão social, mas é claro que implica em algo que será mais oneroso ao clube. Outras reuniões vão ocorrer, é tudo bem inicial ainda". Luiz Carlos Bianchi, vice-presidente de Patrimônio do Juventude
Segurança
De forma gradual, Brigada Militar reduzirá efetivo nos jogos da dupla Ca-Ju
Por conta do baixo efetivo e dos cortes de horas extras, Juventude e Caxias devem começar a assumir maior participação na segurança dos torcedores
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