Uma investigação de quase dois anos e um cerco que contou com quase 100 policiais conseguiram desarticular a maior quadrilha de tráfico de crack de Caxias do Sul. Ontem, 14 pessoas foram presas pela Delegacia Regional, incluindo o líder da organização que movimentava pelo menos R$ 150 mil por mês com a venda da droga: Jeferson Neves Montanari, de 33 anos, detido na própria chácara, no distrito de Fazenda Souza.
As outras prisões ocorreram nos bairros Fátima, Portal da Maestra, Diamantino, Floresta, Reolon, Pioneiro, Lourdes e também nas cidades de Vacaria e em São Marcos. Treze prisões foram preventivas (sendo que três já estavam recolhidos em presídios) e uma foi em flagrante.
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Em um esquema articulado, a droga era trazida de São Leopoldo e distribuída em Caxias, Vacaria e São Marcos. Por semana, mais de 5 kg de crack chegavam na Serra pela da região metropolitana. Para a quadrilha, a remessa tinha um custo de aproximadamente R$ 50 mil. Tranformado em pedra e revendido, o lucro semanal girava em mais de R$ 30 mil (cada grama de crack pode ser transformado em até sete pedras, sendo que cada uma é vendida por pelo menos cinco reais).
Em 11 de novembro deste ano, a organização sofreu o primeiro baque, com a interceptação de uma dessas remessas e a prisão de Eduardo Henrique, o Mineiro, que trazia a droga de São Leopoldo. A função, no mundo do crime, é chamada de "mula".
Entre os presos da operação de ontem, estão também os pais de Montanari - Iris das Neves Montanari e Eugênio Carlos Montanari, e a irmã dele, Suelen. O pai já cumpria prisão na Penitenciária Industrial de Caxias (Pics) e a mãe estava no regime semiaberto.
Jeferson respondia em liberdade por um processo de tráfico de drogas e aguardava o cumprimento de uma sentença de oito anos de reclusão.
Tráfico desde a adolescência
O envolvimento de Jeferson Neves Montanari com o tráfico de drogas vem desde a adolescência, quando ajudava os pais na venda dos entorpecentes. Foi sob o comando dele, porém, que o negócio cresceu.
Formado em Direito, prestou este ano o Exame Nacional da OAB, trabalhava em um escritório de advocacia e tinha um caminhão de guincho. Os empregos seriam usados como fachada para o comércio de crack. Ostentava uma vida de classe média alta, morando em bons apartamentos e adquirindo veículos caros. Há um mês, residia em um apartamento alugado do bairro Colina Sorriso e tinha uma Mercedez. Passou a morar na própria chácara, em Fazenda Souza, onde foi preso. Um Hyundai i30, um Punto e o caminhão de guincho foram apreendidos no lugar.
Montanari não colocava a mão na droga: o serviço sujo era feito pelo gerente dos negócios, Marcos Antônio Domingues Pereira, conhecido como B2, e pelos outros comparsas. Pereira está foragido.
- Há pelo menos seis anos o Jeferson vinha comandando a organização, ergueu o negócio e começou a chamar a atenção pelo padrão de vida que levava. Chamamos a operação de Castelo de Areia por causa disso - esclarece o delegado Marcelo Grolli, que responde interinamente pelo Delegacia Regional.
Os 14 presos
- Jeferson Neves Montanari - líder da quadrilha
- Suelen Neves Montanari - irmã de Jeferson, tinha os próprios clientes
- Iris das Neves Montanari - mãe de Jeferson, estava no regime semiaberto e vendia drogas dentro e fora do presídio
- Eugênio Carlos Montanari - preso na Pics, vendia droga dentro do presídio e por telefone
- Iomara Fim - esposa de Marcos Antônio Domingues Pereira (foragido), ajudava no fornecimento das drogas
- Rosenei Fim de Moraes e Renato Alves de Oliveira - o casal gerenciava um ponto de tráfico no Diamantino
- Marcos Paulo da Silva e Carine Seider do Nascimento - o casal gerenciava um ponto de tráfico no Portal da Maestra
- Marco Aurélio Vieira dos Santos - De São Marcos, distribuía a droga para usuários e traficantes naquela cidade
- Eduardo Henrique - Está preso desde novembro. Trazia a droga de São Leopoldo, distribuía nos pontos e arrecadava o dinheiro
- André Luis Lopes Pinto Júnior - Gerenciava ponto de venda no Primeiro de Maio
- Levino Moura de Oliveira - Preso em Vacaria, vendia a droga por telefone
- Daniela Ribas Camargo - presa em flagrante no Portal da Maestra
Foragidos
- Rodrigo Narciso Closs - de São Leopoldo, é o fornecedor da droga
- Marcos Antônio Domingues Pereira (conhecido como B2) - gerenciava os pontos de venda