O senegalês Thierno Sylla, 33 anos, cita a lei do Alcorão 5:32 para discordar dos atentados ocorridos na França na última sexta-feira. As explosões simultâneas e os tiroteios deixaram ao menos 132 mortos e mais de 350 feridos.
- O muçulmano tem uma lei bem específica que diz: "se alguém matar uma pessoa seria como se ele matasse toda a humanidade, e se alguém salvar uma vida seria como se ele salvasse a vida de toda a humanidade". Como as pessoas acreditam numa lei assim e tentam matar o outro? - questiona.
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Thierno veio a Caxias do Sul há pouco mais de dois anos, buscando uma vida melhor e oportunidades de trabalho. Hoje ele é contador da Casa Anjos Voluntários. Sua formação em contabilidade no Senegal não foi validada e, por isso, estuda na Faculdade Anhanguera. Para Thierno, os senegaleses que chegam ao Brasil ou vão para outros países praticam suas religiões de forma diferente daquela que as pessoas costumam imaginar.
- É diferente do que aquilo que você está ouvindo, assistindo na televisão ou lendo no jornal. Acho que é um grupo de pessoas que está fazendo terrorismo e não se pode colocar como a cultura muçulmana. Todo mundo está falando muita coisa. Não concordo com o que estão fazendo. Eu não acredito que as pessoas que estão fazendo isso sejam muçulmanas de verdade.
Thierno morou na cidade de Lyon, na França, por 45 dias. Nesse período, ele afirma nunca ter sofrido preconceito por ser muçulmano.
- Não me lembro de nenhum preconceito lá. Na verdade, o povo senegalês tem mais vantagens na França, porque nós temos colonização francesa. Não é muito complicado.
Vários países prestaram homenagens às vítimas:
Thierno relata que tem um irmão que mora na França. Mamadou Sylla trabalha em uma empresa que entrega metal na cidade de Bordeaux. Apesar de ficar a cerca de 500 quilômetros de Paris, Mamadou contou ao irmão ter ficado abalado.
- Ele disse que ficou muito assustado. O clima lá está ruim. É complicado. Todo mundo fica muito estressado e ninguém tem certeza absoluta sobre o que vai acontecer agora.