São mais de três anos de saudades de Wesley Godinho, morto num atropelamento em Caxias. São mais de três anos de angústia por um caso ainda longe de um desfecho na Justiça.
O menino de oito anos perdeu a vida numa tarde de domingo, dia 2 setembro de 2012, quase no trevo da Avenida São Leopoldo com a Perimetral Sul. O autor do acidente é Leandro Alisson Bukoski, cujo teste do bafômetro confirmou consumo de bebida alcoólica. Ele aguarda o julgamento em liberdade.
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Na tarde de quinta-feira, 29 de outubro, o pai e avós do garoto voltaram ao asfalto onde a criança tombou para homenageá-la. Os grafiteiros Mano Dygo e Ana Carolina desenharam um coração com o nome do menino no acostamento em frente ao Recreio da Juventude - Sede Guarany.
Desde a morte de Wesley, o processo não avançou como a família esperava. Bukoski foi indiciado e denunciado por homicídio doloso porque assumiu o risco de causar um acidente ao beber e dirigir. Ficou cerca de 24 horas recolhido num presídio, e ganhou o direito de se defender em liberdade, como ocorre na maioria dos acidentes que resultam em prisão.
O caso tramita na 1ª Vara Criminal. Atualmente, o processo está fase de instrução (coleta de provas, depoimentos de testemunhas e outros esclarecimentos sobre o caso). Somente após o encerramento desta etapa, é que o juiz responsável vai determinar se Bukoski será pronunciado por homicídio doloso, e que obrigatoriamente leva a um julgamento popular. Caso o parecer do magistrado indique homicídio culposo (sem intenção) ou outra tipificação, o processo será remetido para outra vara, onde para julgamento será de gabinete, isto é, sem a presença de jurados. Mesmo que condenado, Bukoski pode apelar em instâncias superiores.
O pai de Wesley não se conforma e quer agilidade no processo. É um sentimento compartilhado por outros familiares.
- Essa dor e sensação de impotência vão durar para a vida inteira, pois nada que aconteça trará o Lelê de volta. A única coisa que gostaríamos e que isso não passasse em branco, que ao menos ele (autor) pagasse pelo que fez - desabafa Jonas Reis Godinho.
O ACIDENTE
- Wesley da Silva Godinho, oito anos, voltava para casa na companhia de familiares quando foi atropelado pelo Gol conduzido por Leandro Alisson Bukoski, 20. O acidente ocorreu por volta de 20h do dia 2 de setembro, um domingo. O menino morreu no local.
- O teste de bafômetro de Bukoski apontou 0,64 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. Quantidades superiores a 0,33 configuram crime de trânsito sujeito a fiança, detenção, multa, proibição ou suspensão do direito de dirigir.
- Autuado em flagrante pela Polícia Civil por homicídio doloso, Bukoski foi levado à Penitenciária Industrial de Caxias. No dia seguinte, obteve liberdade provisória e responde ao processo em liberdade.
A PENA
A pena para homicídio doloso é de seis a 20 anos de prisão. A pena para embriaguez no volante é de seis meses a três anos. Para de homicídio culposo, a pena é de dois a quatro anos de prisão.
CONTRAPONTO
O que diz Maurício Adami Custódio, um dos advogados de Leandro Alisson Bukoski:
Repelimos a ideia de que o caso se trata de homicídio por dolo eventual (quando se assume o risco de produzir uma morte). O fato não exige esse tipo de responsabilização, a denúncia é equivocada e excessiva. O exame de embriaguez deu positivo, mas não significa que ele (Bukoski) estava bêbabo ou fora de si. Por outro lado, no processo, uma policial militar confirmou que um poste na via impedia a visão do motorista. Também houve o concurso (contribuição) grande de familiares que estavam com a criança no acidente. Tanto que se colocou sinaleira naquele ponto devido a esse caso.
Trânsito
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