Gilberto Blume: os surdos têm o acesso à cultura restrito por falta de comunicação; os surdos precisam reformar a sede

Na quarta-feira os vereadores avançaram uma casa no projeto que obriga os cinemas a pôr legenda nos filmes e os teatros a pôr legenda ou proporcionar intérprete de libras nas peças. As ações buscam incentivar a acessibilidade dos surdos à cultura.
Louvável (embora os espetáculos musicais tenham ficado de fora do projeto).

Hoje o bairro Exposição faz reunião do Orçamento Comunitário a fim de obter recursos para reformar a sede da Sociedade de Surdos de Caxias. A intenção é avançar uma casa no conforto das instalações.

Louvável.

O terreno da sede foi cedido pela prefeitura há 29 anos, a sede é própria, mas o imóvel está precisado de reformas. Precisa pintar, erguer um muro, consertar o telhado, arrumar o piso e os banheiros, entre outras urgências. Os mais de 100 associados promovem ações, como jantares, para levantar fundos. O dinheiro que entra, contudo, é insuficiente. A vizinhança sensibilizada, pois, convoca os cidadãos para votar a favor de recursos no Orçamento Comunitário, ferramenta legítima para obter melhorias.

As duas ações pró-surdos descritas acima despertam sentimentos diversos, nem sei se contraditórios ou complementares. Numa ação os vereadores estão ocupados em facilitar o acesso dos surdos aos cinemas e teatros. Noutra ação, uma comunidade se mobiliza para obter dinheiro para o básico dos básicos: eliminar goteiras, consertar banheiros, trocar vidros.

Seja como for, as diferentes ações têm a capacidade de mostrar que estamos longe do mínimo. O surdos têm o acesso à cultura restrito por uma questão de comunicação; os surdos frequentam uma sede em vias de desmoronar. Cultura e sede decente são prioridades, impossível escolher uma das ações em detrimento da outra.

No caso da reforma da sede, porém, qualquer um tem possibilidade de ajudar. Como? Comparecendo e votando na reunião de hoje, às 19h, na Rua Santos Dumont, 630 (ao lado do Emílio Meyer);

No caso do projeto da Câmara, resta-nos orar para que nenhum interesse ainda não explicitado aborte a iniciativa e que, aprovado, vire lei e seja implantado de verdade.