Assim que o veraneio iniciar e o movimento aumentar, a Rota do Sol (RSC-453) vai pedir socorro, como a cada ano. Segundo o Grupo Rodoviário de Farroupilha, o fluxo em dias úteis é de cerca de 2 mil veículos, número que pode subir para mais de 8 mil em vésperas de feriados e veraneio. O alento é que desta vez, entre Caxias e Lajeado Grande, a rodovia foi reformada, trabalho praticamente concluído. Mas basta ultrapassar Lajeado Grande em direção ao litoral para o cenário mudar, com rachaduras, desníveis e buracos. À primeira vista, nem parece a mesma estrada.
O recapeamento integra o Contrato de Recuperação e Manutenção de Rodovias (Crema/ Serra), parado desde setembro porque o Daer não pagou R$ 15 milhões para a Traçado, que executa a reforma. Na semana passada foram pagos R$ 7 milhões, e a expectativa é retomar em duas semanas.
O trecho adiante, até Aratinga (quando a rodovia passa a se chamar ERS-486) não foi contemplado e os problemas prejudicam motoristas como Gabriel Afonso Molon, 35 anos, que furou um pneu em um buraco:
- Tive que gastar R$ 100 para poder terminar a viagem, agora vou gastar mais uns R$ 400 para trocar o pneu.
Para o diretor de infraestrutura da CIC, Nelson Sbabo, a Rota já estava defasada quando foi entregue à comunidade, em 2007. A obra, idealizada nos anos 1930, foi lançada em 1972, no governo de Euclides Triches. Nos anos 1980, Pedro Simon determinou a construção de 100 Km de Teutônia a Lajeado Grande, passando por Caxias. Depois, Alceu Collares continuou até Tainhas. Trechos adiante, incluindo os túneis na ERS-486, foram concluídos em anos seguintes.
Desde então, pedidos pela duplicação não andaram. Em junho do ano passado foi criado um termo de referência para a licitação do estudo de viabilidade técnica, de engenharia e ambiental da duplicação de 35 Km, entre Caxias e Vila Seca. Um ano depois, o Daer ainda trabalhava no estudo.
Diante da lentidão e da crise financeira estadual e federal, Sbabo vê esperanças na privatização:
- O governo não precisa botar dinheiro nenhum, só precisa concordar que os investimentos sejam feitos.
Futuro aeroporto exigirá melhorias
Ainda não há sequer previsão palpável mas, quando o aeroporto de Vila Oliva se tornar realidade, a Rota do Sol precisará de melhorias substanciais, a se confirmar o aumento do movimento em direção ao terminal. Se fosse hoje, os condutores seriam levados em via simples até o acesso à estradinha de chão que conduz à área, nas proximidades da penitenciária de Apanhador.
Conforme Sbabo, o estudo de implantação do aeroporto prevê a construção de uma via expressa partindo do Trevo da Telasul, em Garibaldi. Ele garante que o assunto já é debatido com os investidores internacionais e até do Brasil interessados em tocar a obra.
- A Rota do Sol está construída, quem sabe a gente possa usar o traçado dela um pouco melhorado, com pista duplicada - imagina.
* Colaboraram André Fiedler (Rádio Gaúcha Serra) e Jean Prado (RBS TV)