Caxias do Sul se despede de Alvino Melquides Brugalli, 84 anos, neste domingo.
Militar da reserva do Exército, autor de pelo menos nove livros e autodidata em História, Brugalli morreu por volta das 23h de sábado no Hospital do Círculo, onde estava internado para tratamento de complicações diversas. O velório ocorre na Capela A do Memorial São José. A cerimônia de cremação está prevista para as 16h30min, no Memorial Crematório São José. O prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho, emitiu nota oficial lamentado a morte de Brugalli.
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Natural do município de Mata, na região central do Estado, Brugalli se mudou com a família para a Serra gaúcha ainda na infância. Os pais se estabeleceram em Garibaldi, e Brugalli foi enviado para estudar em um seminário de Santa Maria, de onde saiu para ingressar no Exército. Ele iniciou a carreira em Caxias do Sul, nos primórdios do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAé). Permaneceu na vida militar até 1971, quando deu baixa como subtenente. Em seguida, assumiu a coordenação da CIC, na época da fusão do Centro da Indústria e da Associação Comercial, segundo o jornalista Paulo Cancian.
Alvino Brugalli e uma vida dedicada ao Quartel
A ligação com a Igreja São Pelegrino
Ele permaneceu ligado à entidade empresarial durante quase duas décadas, e sempre teve forte atuação comunitária especialmente no bairro São Pelegrino. No início dos anos 1960, a pedido do padre Eugênio Ângelo Giordani, participou da organização da Associação de Cultura e Arte Aldo Locatelli (SCALA), fundada em 1964.
Posteriormente, pesquisou a história da igreja e das suas portas, o que resultou na publicação do livro Portas de bronze: fé, arte, história. Entre as outras publicações de Brugalli, se destacam os livros Vocação para Hospedar, que recupera a história do Hospital Saúde, e Dados e Números, um levantamento sobre a economia de Caxias do Sul no início dos anos 1980.
Ele também tinha apreço pelo voluntariado. Seguidamente, por exemplo, coletava jornais usados para trocar por leite. O alimento era repassado para uma creche no bairro Cinquentenário II. Também atuou na área administrativa do Esporte Clube Juventude e trabalhou no Serviço Social do Comércio (Sesc).
Mesmo sem exercer cargo público, ganhou respaldo de autoridades e lideranças de Caxias. Em 2001, Brugalli foi agraciado com o título de Cidadão Caxiense. Recentemente, recebeu homenagem na Câmara de Vereadores por seu envolvimento com a obra do falecido pintor e muralista ítalo-brasileiro sobre Aldo Locatelli.
- Era um homem devotado a Caxias mesmo não sendo daqui. Não deixava compromisso pela metade, brigava quando não faziam o que havia sido combinado, o que desagradava algumas pessoas. Por esse mesmo motivo, as coisas davam certo quando ele se envolvia. Nos meus tempos de repórter, foi uma fonte confiável dentro do quartel - lembra Cancian.
Uma das filhas do militar, Vânia Brugalli ressalta o caráter íntegro do pai:
- Tenho aqui uma mensagem deixada por ele para nós: Lembrem-se do pai e do avô como um homem que foi fiel a si mesmo, a seus princípios e a sua família, e que procurou sempre respeitar os outros. Lutei a vida toda pela retidão de caráter.
Brugalli deixa a esposa Adelina Tonietto Brugalli, 81, os filhos: Flávio, Ivan, Marli e Vania, e cinco netos.