"É melhor perder o ministério do que perder a Presidência".
A declaração foi publicada pelo Estadão, atribuída a Lula em conversa com Dilma.
A declaração resume à perfeição o estado em que a política chafurda.
Ao dizer a Dilma e ao PT que é melhor perder um ministério para o PMDB do que perder a Presidência, Lula confirma o que todos sabemos - e não é de hoje, nem exclusividade dos governos petistas: a política é um toma lá dá cá vergonhoso, imoral, interesseiro. Nesse caso específico, o PT vai satisfazer a sanha do PMDB por cargos para tentar acalmar os caciques que ameaçam soltar o impeachment na sala.
Entra governo, sai governo, somos reféns do mesmo esquema viciado: os partidos que chegam precisam arrumar a casa; os partidos que saem passam os próximos anos torpedeando quem chegou e se defendendo das acusações de má gestão.
Todos, evidentemente, estão de olho na próxima eleição, quando o esquema se repetirá com alguns novos personagens e zero alterações no modus operandi. Somos uma nação que avança e recua aos sobressaltos, sempre no susto, jamais com foco, com projetos consistentes, com políticas decentes e duradouras. Resultado, o diagnóstico é ruim para onde quer se olhe. A saúde, a educação, a infraestrutura, a cultura, a segurança, nenhum desses setores desponta como bom, que dirá exemplar.
Quem é governo tem como maior interesse se perpetuar nos palácios; quem não está governo quer chegar lá (ou retornar) para tentar se perpetuar nos palácios. As oposições não têm como meta criticar as políticas públicas da situação e apresentar alternativas que contemplem a coletividade. Não, as oposições focam nas pessoas que ocupam palácios, nos partidos no poder, sempre com o objetivo de derrubá-los e, ninguém é de ferro, de olho espichado nos ganhos que eventualmente possam resultar dessa relação gato-e-rato.
Aqui se fala de país, de nação, mas o modelo é repetido nos Estados, nos municípios. Acaso alguém conhece algum político que de fato esteja empenhado em fazer política limpa, sem ataques e sem segundas, terceiras, quartas intenções? Se alguém conhecer algum, comprometa-o a atuar de cara limpa, sem hipocrisias e promessas fantasiosas.
Opinião
Gilberto Blume: você reconhece algum político que de fato esteja empenhado em fazer política sem segundas, terceiras intenções?
Entra governo, sai governo, somos reféns do mesmo esquema viciado
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: