Tem muita gente por aí repetindo:
- Eu não falei?
No ano passado, imediatamente após a confirmação da vitória de Sartori, corria à boca nem tão pequena que o novo governador se esconderia sob a escrivaninha do gabinete tão logo a primeira crise de vulto batesse à porta do palácio. O governador não poderia ser mais previsível: está escondido sob a escrivaninha, esquivo, isolado.
- Eu não falei?
O candidato que passou a campanha dizendo coisa alguma agora está acuado, provavelmente porque não tem o que dizer. Os caxienses de alguma memória recordarão que o Sartori prefeito tinha por hábito se esgueirar dos assuntos espinhosos sem adotar medidas que as urgências exigiam. Caso exemplar ocorreu na greve dos médicos de Caxias: Sartori calou feito porta e se encastelou no gabinete. Era o fator escrivaninha.
O amargo anúncio de que o salário dos servidores seria parcelado partiu do vice, não do governador. As explicações sobre a imedida partiram do secretario da Fazenda, não de Sartori.
- Eu não falei?
O governador anunciou que só se pronunciaria sobre o parcelamento pelas redes sociais.
Hã?
Será que a octogenária mãe de Sartori, onipresente na campanha, acompanhará os pronunciamentos do filho nas redes sociais?
Dilma abraçou método semelhante, inclusive antes de Sartori adotar a escrivaninha como esconderijo: ao invés de falar ao vivo, olho no olho, a presidente "conversa" pelas redes sociais.
Ora, os governantes precisam respeitar a inteligência do povo.
Seja como for, com Sartori trancado em seu mutismo ou tergiversando, como de hábito, o alvoroço está armado. Há ameaças de greves, de operações tartaruga, de faltas ao trabalho.
Dá para condenar os servidores enfurecidos?
Não, não dá.
Sartori deve emergir da escrivaninha e negociar o parcelamento dos salários dos demais poderes. Por que só os servidores do Executivo foram para a forca? Justo eles, que executam a segurança, a educação, o, a.
Os servidores do Judiciário e do Legislativo também poderiam ser convocados a ter "paciência" nesse momento difícil.
- Eu não falei?
Opinião
Gilberto Blume: "Eu não falei?", repete quem apostava que Sartori se esconderia sob a escrivaninha na primeira crise
Seja como for, com Sartori trancado em seu mutismo ou tergiversando, como de hábito, o alvoroço está armado
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