Com o Rio Grande do Sul em chamas por causa dos protestos dos servidores que tiveram os salários parcelados, alguns dos 17 leitores da coluna poderão considerar o assunto abaixo fora de propósito, mas.
Mas sempre defendi que um assunto não invalida o outro porque todos os aspectos da vida que vivemos estão concatenados, formando esse todo às vezes injusto, às vezes bacana, às vezes incendiário.
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Poucas vezes agosto começou tão negativamente caracterizado como neste 2015. Qualifico o começo deste agosto como negativo porque já no sábado, primeiro dia do mês, os Campos de Cima da Serra arderam em fogo.
Eis o comunicado que o Samae soltou no sábado:
"O setor de fiscalização do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) registrou um incêndio na área da bacia de captação da Represa Marrecas, em Vila Seca, no início da tarde deste sábado.
Para conter as chamas, os servidores da autarquia utilizaram a técnica de abafamento, que diminui a concentração de oxigênio, necessário para a existência do fogo. Após, a autarquia utilizou o caminhão-pipa para eliminar qualquer resquício de fogo. Calcula-se que aproximadamente dois hectares foram atingidos pelas chamas.
O Samae trabalha com a hipótese de incêndio criminoso, visto que a cerca limítrofe foi danificada."
Traduzindo: alguém pôs fogo no campo, como é comum acontecer em agosto mediante a estúpida justificativa de que o fogo renova as pastagens. Quem percorre a Rota do Sol entre agosto e setembro sabe das imensas manchas negras que resultam das queimadas, das colunas de fumaça que tapam até o sol.
As queimadas de campo são primitivas, altamente poluidoras, matam um sem números de insetos, répteis, mamíferos. Dizem que as queimadas são culturais, que se repetem há dezenas de anos. Pode ser, mas a cultura é um conjunto de práticas e comportamentos que evoluem. No caso das queimadas de agosto, já passou a hora de interrompermos essa mostruosidade permitida a um punhado de proprietários de terras.
Sobre a insatisfação dos servidores, acho-a legítima, bem-vinda, apropriada. Assim como as queimadas dos campos, é preciso alterar essa cultura de sempre penalizar o cidadão mais frágil, vulnerável, sem chances de defesa.
Opinião
Gilberto Blume: agosto começou com a pontualidade com que raramente começa
Já no sábado, primeiro dia do mês, os Campos de Cima da Serra arderam em fogo
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