"Cozinhar é o mais privado e arriscado ato (...) No alimento se coloca ternura ou ódio", escreveu certa vez o moçambicano Mia Couto. Na região de colonização italiana, a produção do alimento ganhou status de celebração, de vitória sobre a pobreza dos antepassados.
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A historiadora Assunta De Paris explica que, inicialmente, o imigrante tratou de se adaptar ao novo ambiente como forma de sobrevivência - e isso incluía, também, a cozinha, com a incorporação de frutos silvestres e aves no cardápio.
- Para as mulheres, o alimento era sagrado e era natural que elas agradecessem por tudo que encontravam - diz a historiadora.
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O milho era o alimento preferido, por causa do aproveitamento rápido e total: podia ser usado verde, como espiga ou como farinha. Não era necessário moê-lo em um moinho, um pilão já possibilitava que se fizesse polenta.
Segundo Assunta, a polenta, assim, tornou-se um dos primeiros alimentos sagrados. Com o passar do tempo, foi ganhando novos acompanhamentos à mesa, na medida em que alimentos de outras etnias eram incorporados à mesa da imigração.
E a polenta apareceu também como carro-chefe das produções no desafio gastronômico Italianos da Serra, promovido pelo Grupo RBS Caxias, dentro das comemorações dos 140 anos da imigração italiana na Serra.
Em 10 duplas, chefs convidados e nonnas foram instigados a criar e desenvolver receitas que dialoguem com o legado gastronômico da cozinha da imigração.
O encontro foi realizado na Escola de Gastronomia da UCS, e as receitas foram provadas pelos chefs italianos Mauro Cingolani e Franco Gioelli, que integram o corpo docente da instituição.
Italianos da Serra
Desafio gastronômico une tradição e contemporaneidade
Dez chefs convidados formaram duplas com nonnas e prepararam receitas inspiradas na imigração
Tríssia Ordovás Sartori
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