Vítimas recorrentes de roubos, furtos e arrombamentos, comerciantes do bairro Rio Branco, em Caxias do Sul, afirmam não temer um aumento da criminalidade durante os protestos das polícias Civil e Militar contra o parcelamento dos salários. Nesta segunda-feira um dos poucos estabelecimentos que nunca havia sido roubado foi alvo de um assalto. Por causa das manifestações e por medo de represálias do suspeito, a proprietária preferiu nem registrar Boletim de Ocorrência.
Vídeo: Manifestantes trancam saída de viaturas da Brigada Militar
Por volta das 11h30min um homem armado e com o rosto descoberto entrou na loja de Atália Saenz. Ela e a atendente Tainá da Silva Reis estavam sentadas ao lado do balcão, enquanto sua mãe estava no caixa. Através dos vidros do mostruário, o assaltante apontou uma arma para sua mãe e pediu o dinheiro.
- Aqui em volta, só nós ainda não havíamos sido assaltados. Graças a Deus foi a primeira vez e, se Deus quiser, a última. Eu nem cheguei a ver a arma, mas fiquei com as pernas bambas - relata Atália.
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Por conta dos protestos, e por medo de represálias do assaltante, ela optou por não ir à polícia. O mesmo fez o sapateiro Laurindo Montanari Sobrinho: ele nem comunica as autoridades porque sabe que dificilmente terá seus bens de volta.
- Aqui sempre foi assim. Todos já foram assaltados. A gente já está sempre pronto para ser assaltado.
Ao lado de sua sapataria, a parede de madeira exibe duas tábuas novas. A fachada precisou ser refeita depois que o depósito da loja de calçados ao lado foi arrombado, há mais de dois meses, alguns dias depois de ladrões levarem os sapatos de seus clientes.
Os protestos começaram na manhã desta segunda-feira em todo o estado. Metade das viaturas da Brigada Militar de Caxias ficaram paradas. Ao contrário dos outros dias, os policiais decidiram não usar veículos com qualquer problema mecânico. Na Polícia Civil, somente flagrantes e ocorrências graves são registradas no plantão. Além disso, algumas escolas tiveram funcionamento alterado.
Protestos
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