Vários temas foram abordados durante a coletiva com o teólogo, professor e escritor Leonardo Boff nesta quinta na UCS, em Caxias do Sul. Nesta noite, às 19h30min, no UCS Teatro, ele irá palestrar durante a abertura do Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul.
Confira os principais trechos:
Sobre as crises sociais e éticas vividas pela sociedade
"O tempo das nações passou. Temos que construir a Terra. Estamos construindo a descoberta que somos uma espécie só. Temos que ter consciência que estamos numa fase nova que representa desafios novos. Agora o principal desafio é que há um risco global que exige uma solução global, e essa solução global não estamos encontrando, porque a maioria ainda vive no regime das nações, buscando os interesses nacionais".
Declaração de que a crise é induzida pela mídia e que os panelaços são feitos por quem tem as panelas cheias
"Eu sempre fui pela democracia e acho que todo mundo tem direito de se manifestar, seja com panela cheia ou com panela vazia. Às vezes aqueles que têm panela cheia nem sabem onde está a cozinha. Quem tem a panela vazia, coitado, está passando necessidade. As manifestações têm conteúdos diferentes e a gente tem que respeitar isso. A sociedade tem que conviver com essas contradições. O nosso grande desafio político é a busca comum do bem comum. Esse desafio é global".
Desalento da sociedade com relação ao comportamento dos políticos
"Nós vivemos uma crise sistêmica, que criou espaço para que o pensamento da ordem da disciplina, de colocar limite para todas as coisas, que é o pensamento da direita, avançasse no mundo inteiro. A minha esperança é que haja uma discussão sobre que tipo de mundo nós queremos.
Muitos analistas mundiais veem o Brasil como uma país chave para a solução da crise climática mundial. O único país grande, com uma riqueza ecológica fantástica, com potência da água doce e as maiores florestas úmidas do mundo. O Brasil pode ser o país da terra da boa esperança, se nós conseguirmos fazer as políticas corretas, em consonância com os ecossistemas, um outro tipo de desenvolvimento. Temos que fazer a cabeça das pessoas. Eu lamento que o PT se reúne e não corre uma vez a palavra ecologia, por mais que a gente fala com Lula, fale com a Dilma, não entra na cabeça ".
Crise de heróis
"Estamos dentro de uma situação de caos. O caos tem duas dimensões, uma que é destrutiva, outra é generativa, que gera uma coisa nova. Nós temos que mudar e nos faltam lideranças. O Papa emerge como uma liderança. A mídia social está destruindo os heróis e cada um é também herói. Eu fico espantando com o que se diz lá dentro, de bobagem, por outro lado tem mensagens de construções, de bondade".
Se concorda com informações de que o ex-presidente estaria querendo se descolar do governo Dilma por conveniência, por causa de uma possível candidatura a presidente em 2018
"Eu não sou político e sobre isso eu não entro. Muita coisa são hipóteses que se jogam. O Lula está sempre ligado àquilo que ele fundou. Ele não é um homem faminto de poder. É um homem que tem uma paixão quase obsessiva pelos pobres. Ela já me disse 'a minha luta é que ninguém precise ir pra casa com fome. Essa é a obsessão dele. E o instrumento é o partido."