Gilberto Blume: estou ansioso para saber dos inevitáveis bafos do concurso

Cá estão nas páginas do Pioneiro as garotas que sonham ser rainha. Difícil assimilar que em pleno século 21 ainda haja mulheres dispostas a se entregar inteiras a uma quimera, a uma irrealidade no sentido literal.

Real, nem Elisabeth nem Charles de fato são.

A realeza das monarquias históricas há tempos entregou seus poderes ditos divinos ao sistema, ao capital, ao mundo produtivo e, portanto, ao mundo muito mais real do que os contos de fadas eternizados em folhetins.

Mas.

Mas em Caxias, ao sul do terceiro mundo, a tradição de escolher uma rainha persiste.

E a tradição não dá sinais de esmorecer.

A rainha da Festa da Uva não é imbuída de poder algum ao ser coroada. O título representa outras coisas. Talvez hoje, nessa fatia paroquial do planeta, essas outras coisas que a rainha representa sejam tão ou mais importantes do que repetir há séculos a enfadonha troca da guarda real em Londres.

Não sejamos hipócritas. A despeito do engajamento de muitos com a Festa da Uva, outros muitos consideramos ultrapassada e careta a escolha de uma rainha.
É o que temos, porém.

Seja insólito, engraçado, hilário, importante ou desimportante, o fato é que a realidade nos proporciona participar da escolha de uma rainha.

Levemos, pois, esse processo com a leveza que o tema sugere.

Eu, particularmente, preciso confessar que estou ansioso para saber dos inevitáveis bafos que acontecem antes, durante e/ou depois da escolha da rainha. Impossível tanta mulher junta numa disputa resultar em harmonia eterna - e isso faz parte da escolha.
As gurias estão na vitrine, e é com lupa que as candidatas serão observadas a partir de agora.

Mesmo quem abertamente não curte a escolha precisa admitir, no íntimo, que volta e meia dá uma espiadinha para saber dos acontecimentos.

Boa dica para encarar os próximos meses com leveza e participar da brincadeira é votar em sua rainha no site do Pioneiro.