Entre 2005 e 2014, o número de gestantes que optou pela cesárea aumentou 7,5% em Caxias do Sul. Dos 6.328 partos realizados no ano passado, 69,8% foram cesarianas. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela reportagem da Gaúcha Serra.
Para o diretor de Exercício Profissional da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul, Gustavo Steibel, o mais indicado sempre é o parto normal, exceto quando existir algum risco para a saúde da mulher e do bebê ou não for o desejo da mãe.
- Nos últimos 100 anos, a cesariana se tornou um procedimento muito seguro, mas ela não bateu o parto normal. Não posso dizer que a cesárea é pior, mas não tem por que optar pela cesariana sem pelo menos tentar um parto normal - destacou o médico, em entrevista ao Gaúcha Repórter.
Steibel, que é também professor de Medicina da PUC, ressalta que quando a mulher faz uma cesárea, precisa pensar no seu futuro reprodutivo, ou seja, se deseja ter outros filhos. Isso porque, segundo ele, a realização de mais de uma cesariana é prejudicial à saúde da mãe.
- Quando se faz uma cesariana, a próxima gestação normalmente acaba em cesárea e é mais complicada que a primeira. Esse risco cresce de forma exponencial. Sempre tem pacientes com 24, 25 anos na quarta cesárea. É um procedimento bem complicado e aumenta o risco de uma placenta acreta, que atravessa a parede do útero. Muitas vezes, a gente precisa retirar o útero após a cesárea - explica.
Conforme o médico, a cesariana é indicada apenas em alguns casos: quando a placenta estiver obstruindo o orifício cervical do colo; quando o bebê estiver sentado; em pacientes que já têm duas cesáreas prévias; e em casos de prematuridade extrema.
Sobre o chamado parto humanizado, Steibel é contrário:
- O parto em casa não é humano para mim, porque é muito perigoso. A pessoa tem de ter a certeza de que se escolhe fazer o parto em casa, está colocando em risco ela e o bebê. De antemão, posso dizer que provavelmente não vai acontecer nada, porque o parto é uma situação de baixo risco, mas se ela estiver dentro do hospital, vai estar mais segura. É mais fácil tornar a sala de parto em um lugar acolhedor do que transformar o nosso quarto, a nossa sala em um lugar seguro para se ter um filho.