Adriano Duarte
Pessoas que viveram infância e adolescência em abrigos públicos agora buscam guarida nas ruas de Caxias do Sul. Ou seja, voltaram a ser dependentes da assistência social. Isso ocorre porque eram considerados filhos do Estado durante parte da vida, mas o amparo nem sempre foi suficiente depois que atingiram a maioridade. É movimento constatado com mais evidência nos últimos anos.
INFOGRÁFICO: quem são e onde vivem os moradores de rua em Caxias do Sul
As equipes de abordagem encontram com frequência homens e mulheres que conheceram na fila da adoção ou em instituições.
- É triste, mas é uma realidade - sentencia Fabiana Rockenback.
Numa área verde do bairro Cristo Redentor, Andréia, 35, convive com cerca de nove pessoas em barracas de lona. Ela passou por serviços do município desde a infância, mas jamais conseguiu sair das ruas. Hoje, repete a sina da mãe e de uma irmã, que também vivem na indigência em outras áreas de Caxias.
A educadora social Camila Arbugeri e colegas tentaram convidá-la para tratamento médico na semana passada. Andréia recuou e prometeu seguir com a equipe em outro momento:
- Tentaram me matar com uma pedrada... decidi que vou pra Ana Rech (onde há uma clínica), mas não hoje.