Sulemana Adamu, 27 anos, é um dos quase 370 imigrantes de Gana, na África, que procuraram Caxias do Sul entre o final de junho e agosto do ano passado. Todos chegaram legalmente no Brasil com vistos de turista válidos para a Copa do Mundo no Brasil, já que Gana era um dos países na competição. Hoje, ele trabalha em uma transportadora de Caxias. Com o salário de auxiliar de carregamento, ele paga as contas e, quando pode, manda dinheiro para a família que ficou na África. Na empresa há mais sete imigrantes ganeses. Um deles, que aluga a casa com Adamu, também trabalha na transportadora.
Depois de deixar o seminário Nossa Senhora Aparecida, em Caxias, que abrigou os imigrantes, o jovem trabalhou em um frigorífico e, em novembro, conseguiu o emprego na transportadora de Caxias. Com formação de técnico em informática, ele relata a dificuldade em conseguir emprego no país de origem. Embora sinta saudades dos pais e dos irmãos que deixou em Gana, ele não pretende voltar.
- Sinto bastante saudade da família. Quero trazer eles pra cá (Brasil). Voltar pra lá (Gana), só para visitar. É muito difícil em Gana. Tem pouco serviço - relata o jovem, já falando bem o português. Em Gana, ele se formou em técnico em informática.
Além da transportadora de Caxias, há, imigrantes ganeses trabalhando em pelo menos, outras três cidades gaúchas: Nova Araçá, Gramado e São Sebastião do Caí.
Em São Sebastião, 27 ganeses atuam em uma fábrica de alimentos. Desses, 11 são ainda do primeiro recrutamento, conforme o setor de recursos humanos da empresa. Alguns saíram e outros chegaram pela indicação de outros ganeses. Os imigrantes receberam moradia da empresa por seis meses e, por três meses, todas as refeições.
Em Gramado, um resort emprega 10 ganeses. De acordo com a gerência de recursos humanos, eles atuam como garçons, jardineiros e auxiliares de limpeza.
Caxias do Sul já recebe imigrantes africanos e haitianos há, pelo menos, três anos, principalmente senegaleses. Porém, nunca havia tido um fluxo tão grande de imigrantes em um espaço tão curto de tempo. O destino dos ganeses, na verdade, era Criciúma, em Santa Catarina, um dos principais redutos de imigrantes ganeses no Brasil. Devido a demora em conseguir documentos na cidade catarinense, eles vinham para Caxias, onde encaminhavam o protocolo de solicitação de refúgio na Polícia Federal. Com o protocolo, os imigrantes podem encaminhar o visto de trabalho e fazer os documentos necessários para que possam trabalhar no país.
Migração
Quase 10 meses depois de chegarem ao RS, ganeses se mantêm no mercado de trabalho
No Rio Grande do Sul, há grupos de ganeses em empresas de, pelo menos, quatro cidades
Suelen Mapelli
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