É constrangedora a forma com os homens e as mulheres públicas mudam de opinião e alteram as regras do jogo como se trocassem de canal de TV. Mudar de opinião será sadio se a virada vier para avançar. Os episódio recentes, porém, jogam contra.
A Dilma.
A candidata passou a campanha afirmando que não aumentaria os impostos. Reeleita, em menos de um mês desferiu A Facada nas costas do cidadão. O leão escancarou a bocarra de novo com a surrada desculpa de que o país precisa minimizar o déficit, pagar as dívidas, bláblábláblábláblá. Reduzir os 39 ministérios, porém, segue fora de cogitação.
Não cola mais argumentar que reduzir a máquina não solucionaria os problemas do país. Pode não solucionar, mas exemplos de austeridade teriam enorme influência no pensamento coletivo. A facada seria menos dolorida se o governo fizesse o tema de casa.
O Sartori.
O candidato passou a campanha repetindo que cortaria investimentos para equilibrar o caixa. Eleito, cumpriu a promessa, embora nem ele saiba se o remédio fará algum efeito. Mas Sartori pisou feio na bola ao sancionar o reajuste de um bocado de homens e mulheres dos Três Poderes. Tudo na lei, mas precisava? Dias depois o governador recuou, abriu mão do próprio reajuste, mas o feito maculou, sim, sua estreia no Piratini. Também aqui não cola argumentar que os reajustes não têm peso para alterar o déficit. Desnecessário dizer que, também aqui, esse blábláblá não cola mais: a população não quer só anúncios de austeridade, a população quer ver a austeridade se concretizando.
O Padilha.
O ministro da Aviação assumiu provocando o bafafá do ano: Eliseu Padilha disse que a ampliação do Salgado Filho não era prioridade, embora os governos já tivessem enterrado R$ 120 milhões na obra. Prioridade, disse, era o 20 de Setembro, aeroporto sonhado para Portão. Até semana passada, em nenhum momento havia falado de Vila Oliva, que carrega o pomposo nome de Aeroporto Internacional de Cargas e Passageiros de Vila Oliva. Padilha mudou o discurso novamente. Agora o Salgado Filho é prioridade. Pasmem, até Vila Oliva foi apresentada ao ministro. Até quando os políticos vão ficar nos enrolando com esse vaivém de desinformações?
Opinião
Gilberto Blume: Até quando os políticos vão ficar nos enrolando com esse vaivém de desinformações?
Mudar de opinião será sadio se a virada vier para avançar
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