Gilberto Blume: Ao sacudir o coreto da corte, a Femaçã convoca as festas a inovar sem perder as características

A Femaçã está renovando a vetusta divulgação das festas regionais. Era certo que o cartaz das belas abraçadas a maçãs renderia polêmica. Antes que se avance, cumpre dizer que a rainha e as princesas não posaram nuas.

Por baixo das maçãs há roupa.

Mesmo que estivessem nuas, haveria problema se absolutamente nada aparece?

Em frente.

Estamos livres para condenar ou defender a peça publicitária, e isso é bom. A defesa ou a condenação, porém, não podem resvalar para exageros. Está equivocado, por exemplo, quem enxerga vulgaridade na foto de Vanessa, Bruna e Juliana. Quem vê vulgaridade ou qualquer outro excesso no retrato precisa urgentemente contratar uma faxina mental. Se o cartaz exibe algum excesso, o excesso é a sacada simples e bem executada, como soi ser com peças publicitárias que funcionam.

Por favor, ninguém confunda o trio de Veranópolis com qualquer mulher fruteira cuja principal batalha nessa vida é frequentar sites de subcelebridades. Veranópolis não foi desrespeitada, não há nada a temer quanto ao futuro dos valores comunitários.

Um pouco menos de hipocrisia seria bem-vindo. O que é bom na cidade permanecerá bom; o que não é bom independe do cartaz e está à espera de conserto.

As gurias saíram bem na foto, estão decentes, lindas, cumprem com sobras o papel de divulgar a Femaçã. É improvável que elas circulem por aí cobertas com maçãs - seria um tiro no próprio pé da festa, por isso a próxima expectativa é conhecer os trajes que o trio exibirá. 

O trio de Veranópolis exibe frescor, saúde, brilho, liberdade - predicados que qualquer corte ambiciona ao ser fotografada, mas que os vestidões nem sempre conseguem proporcionar.

Eu entregaria ao sacrifício um pedaço do dedo mindinho para obter a confissão de inveja branca de outras rainhas de outras festas, todas sempre posando empacotas em rígidos vestidões.

Veranópolis lançou um desafio a todas as festas regionais. Ao sacudir o coreto da própria corte, a Femaçã convoca as demais festas a inovar sem perder as características. Inovar é assumir riscos. Corremos o risco, pois, de surgirem monstruosidades jurando que estão abafando.

Oremos.