Fotos captadas pela assistente social Susana Duarte contam a ascensão pessoal de Dejanira Antônia Martins, 41 anos, em Caxias do Sul. Guardadas em um computador, as imagens são relíquias dos sonhos possíveis.
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O primeiro registro é de sete anos atrás, quando uma Dejanira desmotivada, de cabelos desgrenhados e sem recursos bateu na porta do Núcleo de Capacitação do bairro Cânyon. Ela e a família viviam uma época de fome e não era fácil sobreviver em uma moradia precária. Sorrir estava fora de cogitação.
A comida do Núcleo serviu para saciar parte do anseio, mas faltava à chefe de família um emprego, o amor próprio e a organização. Abatida por uma profunda depressão, ela se via sozinha e sem orientação. Dependia de remédios, preferia ficar em casa e não havia estímulo para buscar ajuda.
- Estava enrascada mesmo - lembra.
O convite para trabalhar como auxiliar de cozinha no próprio núcleo partiu de Susana. Virou uma espécie de terapia, um tratamento para cicatrizar feridas. Lavar a salada, separar o feijão, cortar a carne e servir outros famintos da comunidade trouxe a cura para a Dejanira. A mulher tímida ganhou experiência como trabalhadora e coragem para encarar o mundo lá fora.
Ela ficou nove meses na cozinha do núcleo. Arrumou emprego em uma cozinha industrial e depois migrou para ramos diferente. Hoje, mora em outro bairro com a família. Há dois anos é a zeladora de um centro comercial, uma rotina que adora.
Dejanira rejuvenesceu, sem dúvida. Está confiante graças ao apoio e ao prato de comida que resgatou sua autoestima.
O sorriso, aquele que inexistia, agora é radiante.
Dia Mundial da Alimentação
Após superar dificuldades em Caxias do Sul, Dejanira voltou a sorrir
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Adriano Duarte
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