As macas do Serviço de Atendimento Móvel (Samu) de Caxias do Sul deveriam ser utilizadas apenas para atendimentos de emergência. Muitas vezes, porém, esses equipamentos fundamentais para o resgate acabam retidos dentro de hospitais. As macas das ambulâncias são improvisadas como leitos temporários dentro das emergências porque os hospitais, geralmente lotados, não dispõe de leito para quem é trazido pelo Samu. Até o paciente ser encaminhado ao leito definitivo, nem ambulância e nem socorrista podem sair do hospital.
- A retenção impede o acionamento da ambulância pela central do Samu. Fazemos o primeiro atendimento e levamos o paciente para o hospital mais adequado para aquelas condições. O hospital é que deve continuar o atendimento, que muitas vezes precisa ser imediato. Se a emergência está lotada, não há outra alternativa a não ser deixar a nossa maca. O Samu tem macas extras, mas o problema é a falta de leitos nos hospitais - explica Renata Carrazoni Fontes, diretora-geral do Samu Caxias.
A retenção de macas do Samu não é exclusividade dos pronto-atendimentos públicos. Também ocorre na rede hospitalar privada, pois os socorristas atendem tanto pacientes do SUS como de planos de saúde. A retenção das macas ocorre três vezes por semana, em média. O tempo de espera pela liberação varia de 30 a 40 minutos. Em um caso extremo, meses atrás, uma ambulância ficou aguardando no hospital três horas até obter a maca de volta. Nesse período, não pôde atender emergências atendidas no telefone 192.
Quando uma maca é retida no hospital é emitido um documento assinado pelo diretor-técnico da emergência. Esse documento determina que a maca está sob reponsabilidade do hospital. Quando a maca é liberada, o documento é entregue ao socorrista e arquivado no Samu. O trâmite serve para comprovar onde a maca esteve em determinado período.
A secretária da Saúde, Dilma Tessari, explica que a retenção de macas do Samu ocorre devido à falta de leitos nos hospitais. Quando um paciente chega a um hospital, levado pelo Samu, e a maca é retida, aguardando leito, há um remanejamento na instituição (altas, transferências de setor, etc). Segundo ela, também há situações pontuais que evitam que alguém deixe de ser atendido, como a compra de leitos na rede privada e contratação de ambulâncias privadas.
- Há uma falta geral de leitos em Caxias. Estamos aguardando a liberação de dez leitos de UTI para o Hospital Pompéia, que sofre o entrave do governo do Estado. A grande perspectiva para desafogar o sistema será a construção do Hospital Materno-Infantil, junto ao Hospital Geral. Serão mais 130 leitos para Caxias, sendo 40 de UTI Neonatal. Oito leitos serão transferidos do Pompéia, possibilitando a possível ampliação da área de traumatologia - explica a secretária.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, para cada 1 milhão de habitantes, deveriam haver 330 leitos de UTI. Caxias possui quase 500 mil habitantes e apenas 71 leitos de UTI - apenas 43% do recomendado pela OMS. No total, a cidade tem 552 leitos hospitalares.
Socorro
Retenção de macas dificulta atendimento do Samu em Caxias
Ambulâncias chegam a ficar 40 minutos esperando liberação do equipamento
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