A audiência pública realizada na noite de segunda-feira na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul para tratar da destinação do complexo da antiga Metalúrgica Abramo Eberle (Maesa) formou uma espécie de colcha de retalhos de propostas.
Caberá ao município, que, após a aprovação do projeto de lei 167/2014 na Assembleia Legislativa, se tornará proprietário da Maesa, decidir, com apoio de representantes de diversos setores, quais as melhores e mais adequadas ideias a serem instaladas no complexo de 52 mil metros quadrados.
De seu lado, diversas associações filantrópicas e organizações não governamentais foram pedir espaço para instalar seus serviços e atender melhor seus públicos. Os artistas - músicos, atores, bonequeiros, artesãos e integrantes de escolas de samba - defenderam a criação de salas para estudo, ensaios, palestras, cursos, concertos e até para a produção de alegorias, incluindo o corso da Festa Nacional da Uva.
Durante a audiência, proposta pela Comissão Temporária Especial Pró-Tombamento da Maesa-Fabrica 2, também foram reforçadas ideias bem conhecidas como a implantação de um mercado público, com espaço para a venda de produtos da agroindústria, bares e restaurantes, e um museu do trabalho, como referência à atividade desenvolvida na metalúrgica entre as décadas de 1940 e 1980.
A importância de se dividir racionalmente o complexo da Maesa foi destacado por Ana Maria Alberti, presidente do Conselho Municipal de Cultura. De acordo com ela, não se pode pensar na Maesa como um espaço quebra-galho, que resolva problemas particulares de falta de espaço.
- Não se pode pensar a curto prazo. A Maesa ficará para o futuro, então temos de ter maturidade para planejar quem vai usar o espaço, como serão os contratos de uso - sugeriu.
A secretária municipal de Cultura, Rubia Frizzo, que também participou do encontro, disse que há uma lista grandiosa com indicações de uso, mas garante não ter preocupação com o fato de um possível retalhamento do complexo porque existiram soluções que já foram encontradas para outros lugares e que podem ser copiadas.
- Há possibilidade de se compartilhar espaços por várias entidades. Cada uma terá o seu armário, poderá usar os seus equipamentos, enfim, mediante um agendamento. Pensando assim, multiplicamos muito o espaço - exemplifica.
Com relação ao uso e proposta arquitetônica, a secretária reforçou que o município tem um ano para apresentar o plano de trabalho e um ano para executar. Segundo ela, as preocupações com o tempo exíguo são compreensíveis mas também não preocupam:
- Um ano para apresentar é tempo suficiente. Com relação ao uso, sabemos que existem alguns espaços bem preservados, mas que precisam de adequações. Acho que o plano de trabalho pode prever a utilização em etapas, inclusive porque já existem algumas ideias definidas, como é o caso do mercado público, do espaço para artesanato e estúdio cenotécnico, inclusive para a criação de carros alegóricos para a Festa da Uva - disse Rubia.
Patrimônio
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