Saiu mais uma pesquisa sobre o controverso voto obrigatório. O Datafolha apurou que 61% dos entrevistados rejeitam o voto obrigatório. O levantamento também mostra que, se tivessem opção, 57% dos eleitores não votariam em 5 de outubro.
Os dois índices são recorde do levantamento promovido pelo Datafolha desde 1989. Nas pesquisas anteriores, o total dos que não votariam se não houvesse obrigatoriedade nunca superou 50%. O instituto ouviu 2.844 pessoas nos dias 7 e 8 de maio.
>> Você é a favor ou contra o voto obrigatório? Por quê?
O voto obrigatório divide opiniões, e logicamente todos têm bons argumentos para defender a própria posição, caso contrário o assunto não teria esse efeito de combustão.
O debate parte de premissa paradoxal: por que uma democracia obriga o cidadão a votar?
O interessante do debate é que os defensores e os contrários ao voto obrigatório estão assentados sobre praticamente as mesmas razões. O que difere uns de outros é o ponto de vista dos argumentos.
Quem defende o voto obrigatório costuma alegar que o brasileiro não está preparado para não votar. Essa corrente crê que o resultado de uma eleição seria desastroso.
Quem defende a extinção do voto obrigatório costuma alegar que o brasileiro não está preparado para votar. Essa corrente crê que o resultado de uma eleição seria desastroso.
Os primeiros, os defensores do voto obrigatório, alegam que a democracia brasileira é excessivamente imatura para tirar o cabresto do eleitor.
Os segundos, os defensores do fim do voto obrigatório, alegam que a votação espontânea levaria à urna apenas o cidadão realmente comprometido com transformações.
Na essência, pois, todos querem a mesma coisa: melhorar as condições do país por meio do voto. Uns creem que essa melhoria virá obrigando o cidadão a votar. Outros creem que o salto virá pelo voto espontâneo.
Há uma terceira corrente, a que não vê diferença entre voto obrigatório e voto espontâneo. Esses também defendem o voto, mas creem que o país não melhora, ou melhora mui lentamente, porque é comandado por gangues ocupadas em satisfazer seus próprios interesses. As melhorias eventualmente implantadas são liberadas a conta-gotas, apenas para proporcionar a falsa impressão de que as coisas andam depois de cada eleição.
Outras informações contidas na pesquisa Datafolha: entre eleitores de 16 e 24 anos a rejeição ao voto obrigatório é de 58%. No eleitorado de 45 a 59 anos, a rejeição à obrigatoriedade chega a 68%. Em relação à renda e à escolaridade, quanto mais rico e escolarizado, maior a rejeição. Entre os que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos, 68% são contra. Entre os que têm ensino superior, 71% rejeitam o voto obrigatório.
A despeito das informações integrarem uma pesquisa, nada mais que uma pesquisa, temos aqui índices reveladores do que vai na cabeça do cidadão brasileiro.
Política
OPINIÃO: Voto obrigatório
Gilberto Blume escreve sobre o controverso voto obrigatório
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