Dos 55 anos que a perícia médica apontou ser sua idade, a vacariense Iraci Alves só lembra dos dez últimos. Da vida que teve até chegar ao bairro Petrópolis, na casa simples em que hoje vive com o companheiro Horácio de Lima, além dos 11 gatos, cinco cães, dois galos, uma galinha e um pinto, restam lapsos de uma memória consumida pelos anos de bebedeira em que se enfiou após a perda dos pais. Trabalhadores rurais errantes e enterrados como indigentes, legaram a Iraci a mesma indigência que lhe privou de qualquer registro civil. Para a sociedade organizada, Iraci nunca existiu.
- Fiquei pelo mundo que nem uma pessoa indigente, sem documento nenhum. Meus pais andavam pra lá e pra cá e eu me criei assim, atirada...não sei ler, nem escrever. Até pra ir no mercado é meu marido quem tem que ir, porque eu não entendo nada - conta.
Cidadania tardia
Mulher que nunca teve registro civil ganha primeira certidão aos 55 anos, em Vacaria
Iraci Alves não sabe onde, nem quando nasceu. A idade que recebeu foi apontada por perícia médica