Nas noites de sábado e domingo, dezenas de rapazes se exibem perigosamente com motocicletas das mais variadas potências em ruas do loteamento Parque Sanvitto, em Caxias do Sul. Vale tudo: disputar corridas, empinar para ver a faísca saltar no atrito do metal contra o chão, entre outras manobras radicais para impressionar uma plateia numerosa.
As infrações de trânsito acontecem há pelo menos três meses sem intervenção da Brigada Militar e da fiscalização de trânsito. Inicialmente, a área começou a ser usada para encontros de turmas. Com o tempo, atraiu gente interessada em se expor sobre duas rodas.
Na madrugada do último sábado, por exemplo, mais de 50 motociclistas usavam livremente as ruas Wilson Drago Fantinel, Maria Teresinha Broilo e Gaston Luís Benetti. Outras dezenas acompanhavam a correria de dentro de carros ou da rua, embalados por bebidas e funk. As turmas vêm de diversos bairros e, geralmente, encontram-se a partir da meia-noite. Saem dali somente no final da noite.
O ponto não foi escolhido ao acaso. Não há moradias, apenas pavilhões de empresas _ a maioria delas fechada à noite. A iluminação também é precária, o que impede a visualização dos rachas, principalmente de quem está na RSC-453.
Longe das autoridades e sem o olhar crítico da vizinhança, os motociclistas se esbaldam. Vale acelerar o máximo possível em um trecho de 200 metros da Gaston Luís Benetti apenas para testar quem possui o veículo mais potente.
Enquanto uns pilotam deitados de bruços sobre a moto, outros rodam em círculos. Apesar das motos terem a preferência do público, há condutores que levam carros para participar dos rachas. A maioria ignora os riscos de atropelamento e queda.
Em março de 2012, o Pioneiro mostrou que a área já era território sem lei. Na época, crianças, adolescentes e jovens de idades variadas usavam a Rua Gaston Luís Benetti para consumir álcool e drogas, ouvir música a todo volume, dançar na via e cometer infrações de trânsito. Após denúncias, o movimento diminuiu e cessou totalmente com o fechamento de uma boate que atraía as turmas.
O comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar, major Jorge Emerson Ribas, desconhecia o problema. Segundo ele, a corporação não recebeu reclamações ou denúncias. O oficial promete operações para coibir as infrações de trânsito e outras irregularidades.