É com um caderno de anotações e um livro acadêmico, normalmente de História do Brasil, que Pâmela de Lara Palhano, 18 anos, é vista diariamente na sala de pesquisas do terceiro andar da Bilioteca Pública Municipal, em Caxias do Sul. Estudante de pré-vestibular, é ali onde ela consegue se concentrar e fugir das distrações que a internet oferece.
- Vim buscar informações que não encontro na internet. Além disso, nem tudo o que está na rede é confiável. Aqui eu me concentro mais também. Em casa tem a televisão, o facebook, a gente acaba se distraindo - conta.
Pâmela é um exemplo da mudança de público que as bibliotecas têm observado. Há cinco anos, 98.591 pessoas passaram pelos quatro andares do Biblioteca Pública Municipal de Caxias. Em 2012, foram 52.898.
Maria Cristina Tiburi Pisoni, coordenadora do lugar, justifica a diminuição do público por ser o ano em que a biblioteca foi reformada, o que gerou a interrupção de alguns serviços, mas admite que um novo processo de legitimação do espaço vem acontecendo. E a internet é a grande responsável.
Mais de 100 anos depois da criação da primeira biblioteca no país, a Biblioteca Nacional, o lugar definido pelo dicionário como um espaço físico onde se guardam livros ganha novas funções. Se antes a biblioteca era o único local onde as pessoas encontravam bases de estudos, hoje elas buscam o espaço para fugir das distrações diárias e complementar pesquisas da internet.
Além disso, as bibliotecas voltam-se ao incentivo à leitura por meio de projetos, oficinas e debates com autores.
- A biblioteca está mais aberta, se tem uma visão nova da ocupação do espaço pela comunidade. Antigamente, era freqüentada por estudantes. Hoje, recebe pessoas de todas as idades. Ela está mais dinamizada, buscando novos caminhos para atender a necessidade da comunidade. Não está se limitando ao livro - fala a coordenadora do lugar, Maria Cristina Tiburi Pisoni.
Em 11 anos, a UCS viu cair pela metade o número de pessoas que freqüentam a Biblioteca Central diariamente. Em 2002, quatro mil pessoas circulavam todo dia pelo prédio. Hoje, são duas mil.
Se, por um lado, diminuiu o número de pessoas que usam o espaço físico, é crescente o acesso à base de dados virtual e e-books disponibilizados pela faculdade. O acervo digital da UCS conta com nove mil livros acadêmicos. Por mês, são 190 mil acessos à base de dados virtual. O estudante não precisa nem sair de casa para obter o conteúdo.
- Além disso, não há atraso com relação a artigos que são lançados na Europa ou nos Estados Unidos. Antigamente, publicações lançadas em outros países chegavam no Brasil meses depois. Em estágios mais avançados de pesquisa, essa mudança é essencial - fala Marcos Leandro Hübner, 39 anos, coordenador técnico e coordenador administrativo do sistema de bibliotecas da UCS.
Educação
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