O monitor agredido na cabeça durante um tumulto na ala de isolamento do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), em Caxias do Sul, desabafou ao Pioneiro pouco depois de ser atendido no Hospital Pompéia.
O servidor afirma que os funcionários perderam a autoridade perante os internos. Além da confusão na tarde desta quarta-feira, parte dos adolescentes provocou um motim na quinta-feira, dia 5 de setembro, e uma tentativa de agressão contra um interno no último sábado.
A tensão aumentou desde que a direção adotou normas mais rígidas no horário de visitas. Antes, os familiares dos internos podiam permanecer duas horas na instituição. Agora, o tempo da visita foi reduzido para 30 minutos nas galerias e para 15 minutos no setor de isolamento.
Os dois rapazes que começaram a confusão nesta quarta também teriam envolvimento nas ocorrências anteriores.
Pioneiro: Como a confusão de hoje começou?
Monitor: O rapaz recebeu a visita da família e na volta para a cela me rendeu com um estoque (arma artesanal). Dois colegas tentaram dominar ele. Na hora de colocá-lo para dentro da cela, outro interno que divide o mesmo espaço fugiu, pegou um cabo de vassoura e nos atacou. O primeiro rapaz aproveitou então para pegar um sofá pequeno e arremessou contra mim. Na hora, fiquei tonto. Mas conseguimos sair do setor e fechar a ala de isolamento. Depois, não sei o que aconteceu porque fui levado pelo Samu.
Pioneiro: Essa é terceira confusão em menos de uma semana. O que está acontecendo?
Monitor: O tumulto de hoje foi anunciado. Esse rapaz que começou a confusão tem 18 anos e quer aprontar para ser levado ao presídio. Acho que agora vai subir para lá. A gurizada mais velha dominou o Case e nós perdemos a autoridade. Os mais novos observam, aprendem e vão ficar ainda piores.
Pioneiro: Que tipo de alerta o senhor tem para repassar às autoridades?
Monitor: Quem tem poder precisa fazer com que os internos cumpram suas obrigações. Mas o que está acontecendo é ao contrário. Eles fazem confusões, mas a medida que vem depois é muito branda. Eles vão machucar alguém e vai ser muito grave. Estou muito triste. Nós estamos tentando de todas as formas retomar a casa. Se não for dessa vez, já era.