A promotora de justiça Silvia Regina Becker Pinto solicitou o arquivamento do inquérito que investigava a morte do assaltante Márcio Nadal Machado, o Cachorrão, 33 anos. Ela havia pedido o documento na fase em que se encontrava para análise.
A principal suspeita do crime, que ocorreu em 9 de junho do ano passado, é Odete Hoffman Prá, 88. Ela admitiu ter atirado contra o homem após ele ter invadido o apartamento onde a idosa mora sozinha, no centro de Caxias. A Polícia Civil, no entanto, investigava se havia outra pessoa no imóvel.
Em documento que solicita o arquivamento do caso, a representante do Ministério Público defende que a investigação não apontou nenhuma evidência da presença de outra pessoa no apartamento. Ela defende ainda que, caso Odete não tivesse efetuado o disparo, ainda assim teria havido legítima defesa. Segundo a promotora, isso ocorreria porque todas as evidências apontam que Cachorrão invadiu o apartamento da idosa para furtar objetos.
O entendimento é baseado no resultado do exame toxicológico, que apontou que o assaltante estava sob efeito de drogas e tinha diversos antecedentes por furto. Além disso, câmeras teriam registrado apenas a movimentação do assaltante no imóvel no dia do crime.
A Polícia Civil chegou a solicitar a exumação do corpo de Cachorrão após o resultado de uma perícia apontar que a arma que matou o assaltante não foi a que a idosa afirma ter usado. A intenção era verificar se havia mais um projétil não retirado na época da morte. Silvia, no entanto, negou por não haver evidências da existência dessa bala.
O delegado Joigler Paduano, que investigou o caso, não quis comentar a decisão.
- Minha parte já foi feita - afirmou.
Entenda o caso
:: A idosa Odete Hoffmann Prá confessou ter matado um arrombador que invadiu o apartamento dela, no Centro de Caxias, por volta das 17h do dia 9 de julho de 2012, um sábado. Ela usou um revólver calibre 32 para dar três tiros no homem, que morreu enquanto era socorrido. No mesmo dia, à noite, Odete prestou depoimento no plantão da 2ª Delegacia de Pronto-atendimento (2ª DPPA). No início, o caso foi tratado como legítima defesa.
:: Na segunda-feira, dia 11 de junho de 2012, Odete Hoffmann Prá foi indiciada por homicídio e posse ilegal de armas. A tese de legítima defesa não foi analisada pela polícia, que precisou indiciar a idosa como autora de um homicídio, já que houve crime. O arrombador morto foi identificado com Márcio Nadal Machado, 33 anos. Ele estava em liberdade provisória e era suspeito de furtos na área central de Caxias do Sul.
:: Em outubro de 2012, peritos do Instituto Geral de Perícia (IGP) não encontraram indícios de pólvora na mão de Odete. Outra linha de investigação passou a analisar a presença de outra pessoa na residência no momento da morte. No mesmo dia da divulgação do resultado negativo do laudo que detecta a presença de pólvora na mão de quem dispara arma de fogo, a idosa reafirmou ser autora da morte do assaltante.
:: Em novembro do mesmo ano, um exame feito na arma usada para matar Márcio Nadal Machado não concluiu se foi realmente a idosa quem disparou contra o bandido. A perícia foi realizada para determinar a pressão necessária que deve ser empregada no gatilho para que a arma seja acionada. A arma estaria guardada há mais de 30 anos em um armário no quarto da aposentada. A polícia queria saber se a mulher teria força suficiente para conseguir fazer os disparos.
:: Em janeiro deste ano, o delegado do 2º Distrito Policial Joigler Paduano, responsável pela investigação, pediu uma reconstituição do caso. Segundo ele, era preciso sanar algumas dúvidas que surgiram durante o inquérito. A reconstituição foi marcada para o dia 18 de fevereiro, mas não aconteceu.
:: No dia 22 de abril, a reconstituição foi efetuada.
Perto da conclusão
MP pede arquivamento da investigação da morte de assaltante por idosa em Caxias
Para a promotora Silvia Regina Becker Pinto não há outra hipótese além de legítima defesa
GZH faz parte do The Trust Project