Com a queda da Ponte da Felizcidade, o município de Feliz volta a enfrentar a situação que viveu entre maio e outubro de 2024, quando ficou sem a principal ligação com a comunidade de Picada Cará.
Provisória e construída com oito contêineres enfileirados, a ligação de via dupla e que permitia o trânsito de veículos pesados não resistiu à força da água do Rio Caí na tarde desta quinta-feira (2). O alto índice de chuva registrado na Serra durante a madrugada fez aumentar a vazão do rio.
De acordo com o prefeito de Feliz, Júnior Freiberger, em contato com a secretaria estadual de Logística e Transportes, a nova ponte definitiva pode ter as obras iniciadas já em fevereiro.
— Entrei em contato com o secretário estadual assim que soube que a ponte tinha sido arrastada. O Estado aguarda que a empresa vencedora da licitação entregue o projeto e inicie as obras pelos pilares, o que pode acontecer no início do mês que vem — acredita.
O recurso para a construção da nova ponte já está garantido. São cerca de R$ 11 milhões oriundos do Ministério do Desenvolvimento Regional. De acordo com Maneco Hassen, secretário de Apoio a Reconstrução do RS, a primeira parcela de R$ 3 milhões já foi paga e o restante será repassado assim que as obras tiverem início. Enquanto isso, veículos pesados vão precisar fazer o desvio pela ponte do Bananal, em Vale Real, que tem pista simples. Outra opção é por Bom Princípio, ambas distantes cerca de 20 quilômetros do ponto onde a ponte de contêineres foi levada.
A falta da ligação representa um gasto maior de tempo e combustível para quem tem relações comerciais com o outro lado de Feliz. Muitas empresas da Serra, de acordo com Freiberger, possuem mão de obra que mora do outro lado e que diariamente oferece transporte de ida e volta:
— Ficamos comprometidos porque por ela se fazia a travessia dos veículos pesados. Afeta as empresas que empregam pessoas daqui e inclusive ajudaram na construção da ponte de contêiner.
No centro de Feliz, distante cerca de seis quilômetros do ponto onde estava a ligação provisória, uma nova ponte deve ser inaugurada ainda esse ano. Com pista dupla e passagem lateral para pedestres e ciclistas, a estrutura já tem obras avançadas e poderá ser uma solução enquanto a ligação não é retomada. No entanto, o fluxo de caminhões dentro da cidade preocupa a prefeitura, que diz que o pavimento urbano pode não resistir ao movimento.
— Já é muito urbano, as carretas vão ter muito problema para passar por ali, e já tivemos uma mostra de como é o movimento. No período em que fomos a alternativa, nosso asfaltamento ficou muito deteriorado — reclama.
Depois da cheia, santa volta a cabeceira
Durante a manhã desta sexta-feira (3), diversas pessoas passaram pelas margens do Rio Caí para conferir a ponte construída por meio de doações e que foi arrastada pela água.
Entre eles, Ivo Afonso Poersch, que ajudou nos esforços para viabilizar a ponte provisória e mantinha no leito do rio uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. A santa foi retirada ainda pela manhã quando a água já cobria a ponte:
— Agora viemos colocar ela de volta. Deu muito trabalho pra fazer essa ligação e tivemos muita colaboração de todos, é uma pena que tenha sido destruída. Agora é esperar pela construção daquela definitiva.