As supostas torturas físicas e psicológicas causadas em crianças pela atendente de creche Rosicler de Macedo Tavares, 43 anos, e a servente de merendeira Jurema Felisbino dos Santos, 45, em Monte Alegre dos Campos só vieram à tona graças a mães que denunciaram o caso ao Conselho Tutelar e à Polícia Civil.
Mãe de crianças que frequentam a Escola Municipal de Educação Infantil Vanir Pereira de Almeida, uma auxiliar-geral de 35 anos - ela pede para não ter o nome revelado por temer represálias - conta que ainda em 2011 seu filho, na época com dois anos, demonstrou mudança de comportamento e não queria mais ir à creche. O mesmo teria ocorrido com uma filha da mesma mulher, então com quatro anos.
- Ele gritava, dizia que a tia Rosi (como Rosicler é conhecida) tinha o colocado no quarto escuro. Meus filhos começaram a chegar em casa com fezes secas dentro das calças. No começo, eles não queriam falar o que estava acontecendo.
Conforme a mulher, ela convenceu a filha a revelar.
- Ela me dizia todo dia quem tinha ido de castigo na sala escura e que não podiam mais ir ao banheiro fazer cocô, porque não tinha papel higiênico. Passei a colocar papel nas mochilas deles, para levarem, mas ela me disse que na escola não tinham acesso às mochilas. Minha filha sofre até hoje com prisão de ventre. Disse que cada criança recebia apenas uma bolacha na hora do lanche e tinha de comer no corredor, para não haver sujeira no refeitório.
Ao saber da situação, a auxiliar-geral teria reclamado à então diretora da escola, Araci Dias Tavares, agora indiciada pela Polícia Civil por omissão a tortura. Segundo a mãe das crianças, Araci dizia que aquilo não estava acontecendo e não tomou providências. A mulher procurou outras mães de crianças da creche, que também tinham percebido comportamentos estranhos nos filhos. As mulheres então procuraram o Conselho Tutelar e a Polícia Civil, que passou a investigar.
Servidora municipal, a servente de merendeira Rochele Correa Tonoli, 31, que tinha uma filha de cinco anos na escola, garante ter testemunhado agressões físicas e psicológicas.
- A Jurema comia pêssego na frente dos bebês, que ficavam querendo. Mas ela não dava a frutra para eles. Uma vez, bebês estavam sem calçados nos carrinhos, e ela batia com os calçados na solas dos pés deles.
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