"Entrei de gaiato nessa história, por motivo político", diz indiciada que nega tortura a crianças em Monte Alegre dos Campos

Uma das duas mulheres indiciadas por tortura de crianças na Escola de Educação Infantil Vanir Pereira de Almeida, a atendente de creche Rosicler de Macedo Tavares, 43 anos, negou em entrevista ao Pioneiro ter cometido o crime, como fez à Polícia Civil e na sindicância administrativa em andamento na prefeitura.

Funcionária concursada da prefeitura de Monte Alegre dos Campos há 15 anos, ela atribui a interesses políticos as suspeitas que recaem sobre ela.

Confira a conversa que ela teve com o jornal em sua casa na tarde desta quarta-feira:

Pioneiro: O que a senhora tem a dizer sobre esse indiciamento na Polícia Civil e as acusações feitas por mães de crianças e ex-funcionárias da escola? São verídicas? Rosicler de Macedo Tavares: Da minha parte, não. A denúncia é contra a Jurema e não contra mim.

Pioneiro: Mas o que fez a merendeira Jurema Felisbino dos Santos?
Rosicler: Entrei de gaiato nessa história, por motivo político. Na eleição, fiz campanha de porta em porta. Eles (os candidatos para quem ela pedia votos) perderam, ficaram mordidos e aí fizeram tudo isso comigo.

Pioneiro: A senhora diz ser inocente, mas a Jurema seria capaz de agredir crianças? Rosicler: Se ela forçava as crianças a comer, eu não vi. Agora, ela insistir para uma criança comer, para a criança não passar o dia inteiro sem comer, isso sim. É diferente insistir e forçar.

Pioneiro: Mas dizem que vocês deixavam crianças em quarto escuro, sem comer... Rosicler: Não tem quarto escuro. Isso não existe. Nem veneziana nas janelas a escola tem, é tudo basculante e cortinas.

Pioneiro: O que a senhora fazia na escola?
Rosicler: Eu não tinha turma de crianças. Faltava uma guria (atendente), eu ia no lugar dela, faltava alguém na cozinha, eu ia ajudar, se a diretora não estava para fazer uma matrícula, eu fazia.

Pioneiro: A senhora tem filhos pequenos?
Rosicler: Tenho. O mais pequeno tem 18 anos.