A quem recorrer para ajudar alguém que está caído na rua, possivelmente embriagado, em Caxias do Sul?
Quem acionar o socorro vai esbarrar num jogo de empurra telefônico. Tentará a Brigada Militar, o Samu, a Guarda Municipal, a assistência social e provavelmente desistirá diante das negativas e da falta de viaturas.
Para evitar situações como essa, a rede social da cidade é organizada desde o início do mês, na capacitação Gestão de Processos de Pacificação Social.
O curso é destinado a integrantes da rede social, como professores, assistentes sociais, profissionais da segurança, da saúde, representantes de ONGs, presidentes de bairros e movimentos sociais. É parte do projeto Gestão Local da Violência e Criminalidade, elaborado em 2011 pela Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social e Guarda Municipal, que pretende criar ações para combater a violência em Caxias do Sul.
A capacitação segue até outubro. O primeiro módulo aborda a articulação das redes sociais e trata de questões como a levantada no início do texto. Os participantes são estimulados a encenar um problema que encontram no dia a dia e a sugerir uma solução.
Para resolver a situação citada acima, surgiu como proposta a criação de um carro específico, que combine os serviços do Samu, com profissionais da saúde de plantão, e da guarda municipal. Ligações sobre pessoas embriagadas, caídas, seriam direcionadas a um outro número, alternativo. Porém, a solução foi considerada inviável no curso. A assistente social Shirlei de Hann Curtinaz, quem ministra a primeira temática da capacitação, deu outra direção.
- Na minha perspectiva é território da saúde. Na minha opinião teria que se fazer um tensionamento para que o Samu atenda. Caso contrário, terá que ser criado mais um equipamento. Neste momento, a rede pode funcionar no sentido da pressão, do registro, de informar, de contabilizar o que não deu certo - explicou.
O exercício foi só um despertar para que a rede defina o que pode fazer para combater a violência. No final da capacitação, os integrantes elaborarão planos para aplicar em seus bairros.
- A partir do desenvolvimento de oficinas e atividades vivenciais, ocorrerá a discussão de projetos de enfrentamento da violência e dos fatores de risco identificados, bem como a troca de informações entre as instituições participantes, fomentando a criação de fóruns permanentes nas comunidades. Outro resultado buscado é a elaboração de projetos, tendo como lócus o território, buscando apontar saídas para a violência como implantação ou recuperação de espaços de convivência pública que exaltem da valorização da vida e a cultura da paz - disse a coordenadora de projetos da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, Juliana Marcon.
CONFIRA A ORDEM DOS MÓDULOS
Os módulos são desenvolvidos por regiões geográficas da cidade. São cinco no total. Cada grupo tem os dias específicos. O curso tem 140 horas-aula e ocorre no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
Em junho
1 - Gestão e articulação de redes sociais locais: 20 horas-aula
Em julho
2 - Abordagem e encaminhamento, em nível de prevenção primária e secundária, a situações de uso indevido de substâncias psicoativas: 20 horas-aula
Em agosto/setembro
3 - Comunicação não violenta: 40 horas-aula
Em setembro/outubro
4 - Mediação de conflitos: 40 horas-aula
Em outubro
5 - Planejamento, execução e avaliação de programas de valorização da vida e construção de cultura de paz nos territórios: 20 horas-aula