Sem lagoa de contenção, alagamentos continuam ocorrendo no bairro Pôr do Sol, em Caxias do Sul

Dez meses depois de ter sido anunciada para acabar com os alagamentos no bairro Pôr do Sol, uma lagoa de contenção ainda não saiu do papel, em Caxias do Sul. E o pior: o terreno que foi desapropriado para a construção do tanque empoça água da chuva, que invade uma residência vizinha.

A polidorista Naira Bossle, 41 anos, está morando ao lado do lugar onde será construída a lagoa, na Rua Venâncio Antonio Guaresi. Naira residia antes em uma casa de dois pisos na parte alta do terreno.

Para que a piscina fosse construída pela prefeitura, a polidorista teve que sair dali.

Como trabalha próximo, comprou com o dinheiro da indenização uma residência ao lado da futura lagoa, quase nos fundos da antiga moradia.

Com a chuva desta quarta-feira, a água entrou nos cômodos. Uma das paredes da residência está até rachada em razão da força da enxurrada. 

- Saí da minha antiga casa faz cinco meses para eles fazerem o piscinão. Concordei em sair para ajudar o pessoal, porque disseram não daria mais alagamento depois das obras. Desde que me mudei, aqui já alagou cinco vezes. A cozinha que comprei já esta descascando - reclama.

Além da Naira, outras três famílias deixaram o terreno. A polidorista foi a última a sair. Ela se recusava a desocupar o espaço enquanto não recebesse a indenização da prefeitura. 

A lagoa do Pôr do Sol terá capacidade para 3,5 mil metros cúbicos de água. A finalidade é armazenar o volume de chuva que cai durante os primeiros 10 minutos.

Além deste tanque, estão previstos outras três na cidade. Apenas um está concluído, na Rua Riccieri Piccoli, no bairro Fátima.

A obra foi anunciada depois de um grande alagamento, em fevereiro deste ano.
- Vai ficar para a próxima administração. Em primeiro lugar, houve a demora da saída de uma das moradoras do terreno. Depois disso é que se pôde dar andamento ao projeto. Havia quatro famílias para sair, três saíram imediatamente. Uma aguardou mais. Se ela tivesse saído dentro da vigência do decreto de emergência, agilizaria o processo. O decreto de emergência facilita, não precisa licitar a obra - disse o secretário de Obras e Serviços Públicos, Norberto Soletti.