Marcelo Casanova encerrou a fase das principais competições do Judô Paralímpico antes dos Jogos de Paris com mais uma medalha. Neste domingo (19), em Tbilisi, na Geórgia, o atleta do Recreio da Juventude, de Caxias do Sul, foi bronze na terceira etapa do ano no Grand Prix da Federação Internacional de Esportes Para Cegos (IBSA).
Com a conquista, a tendência é de que Casanova chegue nos Jogos Paralímpicos de Paris como cabeça de chave na categoria Meio-pesado (-90Kg), da classe J2, para atletas com percepção de imagens. Agora, a expectativa é para a confirmação do nome do judoca do Recreio na convocação da Seleção Brasileira que vai para a capital francesa.
RESGATADO NAS ENCHENTES
A conquista, além do impacto no ranking e na possibilidade de classificação de Casanova para a Paralimpíada, também mostra a força mental do atleta, que teve sua preparação para essa etapa prejudicada por conta das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.
O judoca e o técnico do Recreio Giovani Cruz, que também está na Geórgia, precisaram ser resgatados de barco do hotel em Porto Alegre após retornarem de um período de treinamentos em Portugal.
— Essa etapa teve um gostinho especial, até pelo que vivemos no retorno de Portugal. Foi um momento tenso, um baque de ver o que estava acontecendo. Conseguimos retornar para Caxias de forma segura, com o apoio do clube, e retomamos os treinamentos. Minha grande preocupação era, não só a falta de treino durante esses dias, mas também a questão mental, de como o Marcelo ia conseguir lidar com o momento que nós estivemos lá e o que vimos, coisa triste, coisa que é difícil apagar da cabeça — explicou Giovani, que completou sobre a vaga encaminhada para Paris 2024:
— Certamente nós estaremos lá, firmes e fortes. Com agora um projeto diferente. Ele deixa de ser o projeto Paris e ele passa a ser o projeto medalha paralímpica.
CAMINHO DA MEDALHA NA GEÓRGIA
Atualmente na quarta colocação do ranking mundial e da corrida paralímpica, Casanova avançou direto para as quartas de final na capital da Geórgia. No primeiro combate, o gaúcho dominou a luta contra o sul-africano Jacque Joubert. Com menos de um minuto de combate, Marcelo aplicou usou a força para jogar o adversário com as costas no chão. Inicialmente, a arbitragem havia sinalizado apenas o waza-ari, mas a revisão no vídeo mostrou o ippon, levando o judoca do Recreio para a semifinal.
Ele deixa de ser o projeto Paris e ele passa a ser o projeto medalha paralímpica.
GIOVANI CRUZ
Treinador do RJ
No duelo contra Davurkhon Karomatov, do Uzbequistão, vice-líder do ranking, Casanova foi surpreendido com um golpe muito rápido do adversário, antes dos 10 segundos de combate, sofrendo o ippon. Na decisão do bronze, o brasileiro mostrou que a derrota de forma inesperada na fase anterior não abalou seu foco. Diante do alemão Daniel Goral, mais uma vez o campeão parapan-americano se impôs na força. Após pouco mais de um minuto e meio de luta, Casanova forçou a queda do adversário, aplicando um waza-ari. Sem dar tempo para o judoca da Alemanha respirar, Casanova foi para a sequência do golpe e imobilizou o adversário, garantindo sua medalha em mais uma etapa do GP da IBSA.
Agora, a expectativa é pela confirmação da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Visuais) do nome de Marcelo Casanova na lista da Seleção. Com a sequência de bons resultados e por estar sempre no topo do ranking da sua categoria, a tendência é de a convocação ser um caminho natural para o gaúcho.