O Caxias vive seu melhor momento na temporada. Em menos de um mês, o time se classificou na Copa do Brasil e no Gauchão. No Estadual, a equipe chegou a correr riscos de deixar a zona de classificação, mas garantiu o terceiro lugar na tabela ao fim da primeira fase. Cenário bem diferente daquele vivido há quatro rodadas, quando o clube era treinado por Gerson Gusmão.
A chegada de Argel mudou o panorama logo de cara. No primeiro desafio, empate no clássico Ca-Ju, com a equipe mostrando a competitividade que o torcedor tanto queria ver em campo. E com a vinda do treinador, a confiança voltou a aparecer no elenco, e com ela, muitos jogadores demonstraram um crescimento em seu rendimento na competição.
A reportagem do Pioneiro elencou abaixo cinco motivos que fizeram com que o Caxias terminasse a primeira fase entre os três melhores do Estadual.
1. Troca no comando técnico
A 8ª rodada do Campeonato Gaúcho foi determinante para a mudança de rumo do Caxias na competição. A equipe treinada por Gerson Gusmão recebeu o São José e teve mais uma noite de vaias perante seu torcedor. Derrota por 2 a 1 e apenas nove pontos na tabela. A direção grená decidiu agir e na mesma noite do dia 15 de fevereiro decidiu-se pela troca no comando da casamata. Saiu Gerson Gusmão e entrou Argel Fuchs.
A estreia seria no clássico Ca-Ju 288, no Alfredo Jaconi. E mesmo não sendo o favorito para o confronto, o time deu a resposta em campo, sendo combativo e com atuação consistente. No final, o empate em 1 a 1 foi comemorado como vitória no vestiário. E a partir disso, com seu jeito sanguíneo e alterando a formatação tática da equipe, Argel deu ao time o suporte para as duas vitórias seguintes, sobre Avenida e Novo Hamburgo.
— Os jogadores compraram a metodologia de trabalho que a gente tem. Sempre procuramos repetir a equipe, mantendo uma espinha dorsal quando alguns atletas ficam de fora por lesão ou suspensão. Quando chegamos aqui, a equipe brigava pra não cair e depois de três jogos conseguimos o terceiro lugar — avaliou Argel.
E em sua terceira passagem pelo clube, até o momento Argel está invicto: duas vitórias e um empate no Campeonato Gaúcho e uma vitória e classificação à segunda fase na Copa do Brasil.
2. Tripé de contenção no meio-campo
Um dos principais acertos de Argel, desde a estreia no Ca-Ju, foi a escolha do tripé do meio-campo que deu o suporte para a contestada defesa grená se restabelecer e ter liberdade para abastecer o ataque. Ao escalar Barba, como o jogador mais à frente dos dois zagueiros, e dar liberdade para Elyeser e Emerson Martins jogarem de área à área, o treinador deu ao meio-campo a consistência certa.
Elyeser se transformou em um dos jogadores mais regulares do time, e Emerson Martins uma arma também em jogadas ofensivas. Foi dele o segundo gol da vitória sobre o Avenida. O esquema com três homens de marcação também deixou Tomas Bastos mais à vontade para ser o camisa 10. Antes, o jogador revezava na posição com Peninha.
3. Defesa encontrou o equilíbrio
A defesa sempre foi a principal dor de cabeça de Gerson Gusmão. Com o treinador, o time sofreu gol em todos os oitos jogos disputados. Foram 14 em oito partidas. O ex-técnico grená chegava a revezar a dupla de zaga e os volantes de jogo a jogo. Argel chegou e definiu que Jean Pierre e Cézar Henrique formariam a dupla de zaga, além do tripé consolidado de meio-campo.
Com a lesão de Jean Pierre, Denílson foi o escolhido para substituí-lo e ele manteve o padrão. A equipe parou de sofrer gols e não foi vazada nos últimos dois jogos do Gauchão, além da partida contra a Portuguesa Santista, pela Copa do Brasil.
4. Força ofensiva
Quando Argel estreou diante do Juventude, ele não tinha à disposição os centroavantes Álvaro e Joel Pantera, que juntos haviam marcados cinco gols no Estadual. Foi então que ele manteve a camisa 9 com Gabriel Silva. O jogador já havia atuado nessa função pela escolha de Gerson, na partida anterior diante do São José. E o atacante se tornou peça decisiva marcando o gol grená no clássico e tendo boas atuações nos jogos seguintes.
Vitor Feijão também teve a liberdade pelos lados do campo e, apesar de ainda não ter marcado gol, se figurou numa válvula de escape importante para os momentos em que o time contra-ataca. O Grená possui o terceiro melhor ataque do Gauchão, ao lado do Juventude, com 15 gols marcados.
5. Volta da confiança
Talvez o princial mérito de Argel e que conduziu o Caxias da oitava colocação, quando assumiu o time, para o terceiro lugar na tabela do Gauchão, jogue fora de campo: a confiança voltou. Com seu jeito peculiar, o treinador conquistou, em pouco tempo, o respeito do vestiário do clube.
— É um cara muito vitorioso e sanguíneo. A gente vê nas atitudes dele. Falamos que o Argel injetou essa parte sanguínea, essa parte de coragem que ele tem muito na gente e fez com que elevássemos o nosso nível ao máximo — revelou o lateral Dudu Mandai.
E com esse espírito sanguíneo, mas demonstrando conhecer cada virtude dos atletas e o esquema certo, Argel conduziu o Caxias às quartas de final do Gauchão diante do São José, podendo ainda sonhar com voos mais altos na competição.
— Mérito dos jogadores que conseguiram dar a volta por cima. Há 15 ou 20 dias diziam que esses mesmos jogadores não valiam nada. O time parou de sofrer gols, com os mesmos jogadores. São eles que fazem as coisas acontecerem. É um grupo de qualidade — destacou o técnico.