Reuniões, conversa com o técnico, pedido pra jogar, participação direta no gol da vitória e emoção. As últimas 24 horas de Rodrigo Rodrigues no Juventude foram agitadas. Diante do Novorizontino, na noite de quarta-feira (2), o centroavante se despediu do clube na vitória por 1 a 0. O Espérance, um dos quatro mais tradicionais clubes da Tunísia, pagou a multa contratual e acertou a contratação do artilheiro alviverde na temporada, com 12 gols.
A proposta do Exterior aconteceu no início da semana. Os valores da negociação mexeram com a cabeça do jogador, que decidiu aceitar o convite para atuar na Tunísia. Além de um salário maior, Rodrigo ainda ficará com 10% do negócio. O Espérance irá depositar algo em torno de 350 mil euros para levar o atleta. Mesmo assim, a direção do Juventude tentou convencer o atleta a permanecer no Alfredo Jaconi.
— O atleta recebeu uma proposta. O Juventude fez a sua parte no intuito de mantê-lo. É um grande profissional. Um grande jogador. Provou isso na entrega que teve no jogo, mas o atleta optou por aceitar a proposta. A equipe (Espérance, da Tunísia) vai pagar a multa. É uma questão contratual, não temos como impedir. O Juventude só tem a agradecer ao Rodrigo. Pediu pra jogar e quem esteve no estádio testemunhou a entrega que ele teve na partida — destacou o diretor do comitê gestor do Ju, Jones Biglia.
O técnico Thiago Carpini também teve conversas com Rodrigo, que permaneceu concentrado para a partida com o então líder da Série B.
— Tive duas conversas com o Rodrigo. Primeiro, tentando convencer a ficar, porque é um cara importante. Mas entendemos que é algo que foge do controle. O clube tentou de tudo, mas há uma multa e foi paga. O desejo do atleta também deve ser respeitado, como oportunidade de vida e de carreira. No segundo momento, conversei com ele e até pensei em não colocá-lo no jogo, mas ele me pediu para jogar — revelou o técnico alviverde.
Participação no gol da vitória
Escalado pelo comandante alviverde entre os 11 jogadores que entraram em campo no Alfredo Jaconi, Rodrigo Rodrigues foi aplaudido pelos quase quatro mil torcedores tão logo o nome do jogador foi anunciado no alto-falante do estádio. Quando a partida começou, Rodrigo era o mais visado e, visivelmente, queria deixar uma marca em sua despedida. No primeiro lance, em menos de dez minutos, o centroavante não chegou a tempo pro arremate e o goleiro Jordi saiu para fazer a defesa.
Nervoso pela polêmica arbitragem de Luiz Silveira Tisne, que parava o jogo e demorava para tomar decisões, o centroavante discutia com o juiz e, por pouco, não recebeu um cartão amarelo.
A consagração (quase) veio nos acréscimos do primeiro tempo. Após a expulsão do zagueiro Renato, em entrada dura que tirou Alan Ruschel mais cedo de campo, o Ju se aproveitou de ter um jogador a mais. Após cobrança de escanteio ensaiada, aos 55 minutos, a bola sobrou na área para o centroavante. Rodrigo finalizou, mas Jordi fez um milagre em cima da linha. No rebote, a bola bateu em Geovane e entrou.
— Foi uma sensação muito boa e estranha ao mesmo tempo. Um clube que tenho muito carinho. Mas eu estava focado no jogo, em ajudar o Juventude a conquistar os três pontos. No lance do gol, chutei, o goleiro fez um milagre, quase na linha, mas o importante é que o gol saiu — destacou Rodrigo após o jogo.
Ao final da partida, um a um, os jogadores alviverdes foram abraçar o centroavante dentro de campo. Sob os gritos de "Rodrigooo, Rodrigooo...!", a torcida alviverde saudou o artilheiro pela última vez.
— Feliz por todos os gols, assistências e luta que tive na competição. Desejo que o Juventude mantenha essa pegada que tenho a certeza que vão chegar longe. Você fica com o coração apertado. O clube está em reconstrução. Teve um início de Série B meio complicada. E o que a comissão técnica e todos fizeram é incrível. São merecedores de colher os frutos de tudo isso e se manter na parte de cima da tabela — apontou o camisa 9, que lembrou ainda a sua chegada no início do Gauchão 2023:
— Vim de um clube que estava num momento complicado (CSA). Tive um ano bom, graças a Deus apareceu o Juventude. Quando cheguei aconteceu tudo naturalmente. Gol no primeiro jogo (contra o Inter). Só vou levar daqui coisas boas.
Rodrigo também destacou que, apesar do ótimo momento no clube, dar um passo adiante na carreira, financeiramente, pesou muito na escolha.
— Tenho que pensar no futuro, na qualidade de vida, em muita coisa. É um conjunto de fatores que fazem a gente analisar se vale a pena ou não. Tinha no meu coração de que esse era o momento, então tomei essa decisão. Tenho certeza que um dia vou voltar — finalizou.