Quando Fábio Pizzamiglio foi empossado no Conselho Deliberativo do Juventude como o mais novo presidente, em 18 de outubro, o clube já caminhava a passos largos para o rebaixamento no Brasileirão. Vice-presidente de marketing e comunicação entre 2020 e 2022, Pizzamiglio assumiu a vaga de Walter Dal Zotto Jr, que pediu licença do cargo após uma temporada em que precisou dedicar-se à própria saúde.
Com o mandato se estendendo até o final de 2023, o presidente, de 42 anos, revela o que pretende fazer, neste ano, para colocar o clube na primeira prateleira do futebol brasileiro.
— Está sendo bem desafiador porque entrar no departamento de futebol é diferente. Atuava na área de marketing, estava inteirado do clube, mas não é a mesma coisa. Desde outubro, estamos pensando 2023 para ter um ano mais competitivo, com um bom retorno dentro de campo.
Confira trechos da entrevista com o presidente:
OBRAS
— A ideia é que a gente termine mais uma parte do CT, estamos com academia, fisioterapia e refeitório lá. Os atletas passaram a se apresentar diretamente no novo local e, até a metade do ano, vamos subir toda a estrutura administrativa da base. No Alfredo Jaconi, encerramos as obras, temos que terminar o elevador, passou da hora de estar pronto e, se for possível, temos que terminar as cadeiras, mas ainda não está na previsão orçamentária.
SÓCIOS
— Nós tivemos incremento de sócios em 2022, o quadro se manteve estável. Em dezembro tivemos uma perda, que acontece todo final de ano, mas sentimos que a torcida vai voltar engajada. Ela não deixou de apoiar financeiramente. Apresentamos problemas dentro de campo, mas o torcedor continuou acreditando, pagando mensalidades. Esperamos algum incremento com o resultado dentro de campo. Hoje temos de 6.500 a 7 mil associados, número que já é superior ao das outras temporadas. O ideal seria trabalhar com cerca de 10 mil, mas com resultado a gente vai chegar lá.
LIGA FORTE FUTEBOL
— Acreditamos que a liga só vai ser forte no futebol, se a distribuição dos recursos for mais igualitária. Entre um clube e outro, a diferença chega a ser 200 vezes maior entre os da série A. As maiores ligas trabalham com no máximo 3.5 vezes, chegando na média até a duas vezes. Isso que a gente prega. Ainda não temos previsão de ter só uma liga no Brasil. Pode ser que tenhamos duas ligas administrando o mesmo campeonato, coisas que só acontecem no Brasil. Não abrimos mão de uma melhor distribuição de recursos para que tenhamos um bom campeonato, com pagamentos em dia.
SAF
— O processo está rodando no Conselho Deliberativo há algum tempo. A criação em si não garante recursos e investimentos, talvez aconteça no Juventude. A gente cria a SAF para depois poder buscar investimento, mas ainda não está definido. Estamos nos organizando para que, na medida que os investidores apresentem proposta e a gente achar que uma é muita boa, vamos conversar. Se acontecer, o único objetivo é incrementar o departamento de futebol. Não temos dívidas muito grandes para buscar um investidor. E temos vários clubes assim dentro do Brasil. Queremos um investidor que nos dê a possibilidade de disputar com os demais clubes, mas com segurança. Não vamos vender patrimônio, a marca Juventude vai continuar verde e branca, da forma que sempre foi. O investidor que vier terá que se adequar a estes preceitos.
FORMAÇÃO DE ELENCO
— Quando assumimos, em outubro, definimos alguns conceitos para 2023. Dois deles eram utilizar atletas da base e ter um time forte, com garra de time gaúcho. O Roth está passando isso nos treinos. Ele veio com essa vontade e os jogadores demonstram estar com vontade também de dar o melhor para ficarmos mais próximos da dupla Gre-Nal no Gauchão e ir pra final, por que não? E na Copa do Brasil, precisamos avançar algumas fases para termos recursos e chegarmos bem na Série B. Nosso sistema defensivo, antes de terminar o Brasileirão já estava bem encaminhado. A ideia é ter essa mescla, entre os mais experientes e os mais novos, mas ainda assim vamos reforçar o ataque. Todo clube do planeta busca um 9 e um 10, só que os valores estão fora do patamar financeiro, pelo menos os de primeira linha. Temos que ter criatividade e observar atletas em todo o planeta. A maioria dos que estão aqui não eram conhecidos. Analisamos e vimos que eram boas opções. Estamos atentos.
SÉRIE B
— Uma competição sempre nivelada e com surpresas. Não dá para afirmar quem sobe e quem cai, mesmo os gigantes disputaram até a última rodada o acesso no ano passado. O Nordeste está investindo bastante, com receitas que também podem vir para o Juventude, mas que não são certas. Seguimos nosso orçamento enquanto as receitas não vem. Há contratações na B similares às de Série A. Isso não vamos fazer porque um só jogador impactaria no nosso orçamento, criando uma dívida que seria impagável. Pés no chão e, na medida que o orçamento melhore, vamos contratando. Aprovamos um orçamento no futebol que fica em torno de 12 a 15 milhões de folha anual.
BASE
— Vinculamos a base, inclusive a escolinha, dentro do departamento de futebol. Trouxemos atletas de fora para compor o elenco que disputa a Copa São Paulo. Podemos chamar também para o profissional depois, caso tenhamos uma joia ali. Prevemos também a venda de jogadores. E no profissional, definimos que temos que ter seis atletas oriundos da base. Isso não é fácil. Na Série A o nível era outro. Esse ano será diferente, mais meninos podem estar no time principal.
TORCIDA
— O que pedimos é o apoio, que se façam presentes no Alfredo Jaconi, se associando, comprando nossos itens oficiais e nos seguindo nas redes sociais. Queremos o torcedor próximo, nos cobrando, mas também nos apoiando. Nesse time novo, quem ficou era quem estava engajado com nosso plano de trabalho. Vamos virar a página e começar 2023 com esperança, com todo mundo dando seu melhor, inclusive o torcedor.