A forma tranquila e bem detalhada como Marcelo Segurado respondeu as perguntas em sua chegada ao Estádio Centenário não tiraram a objetividade que o torcedor grená esperava das respostas de quem será o responsável por montar o time para 2023. O novo executivo de futebol do Caxias foi apresentado oficialmente na manhã desta sexta-feira (7), falando do que o motivou para o novo desafio.
— São os objetivos que me foram passados. O que me motivou foi a estrutura, a história e, de uma certa forma, um projeto a curto, médio e longo prazo. E com a seriedade que o futebol exige hoje. Da mesma forma que minha carreira profissional foi extremamente observada, também analisei toda essa parte estrutural do clube. Isso foi fundamental — analisou Segurado, que em maio teve interrompido o trabalho no Santa Cruz-PE por problemas com a direção do clube pernambucano, bem diferente do que encontrou na chegada ao Centenário:
— Uma diretora coesa, todos na mesma direção, porque quando tem a continuidade, sem ruptura, mostra que temos uma estrutura que está no comando consolidada. Isso é fundamental para o êxito de qualquer coisa. Quando você vê um clube passando por vários problemas ao longo de uma temporada, não é só dentro do campo, às vezes, também há algumas situações extracampo. Então o que faltou este ano (no Caxias)? Foi a bola entrar, porque o trabalho foi bem feito por parte da diretoria. No futebol, a bola tem que entrar.
Segundo o presidente grená Mário Werlang, cerca de 10 profissionais foram entrevistados até a definição de Segurado. Aos 58 anos, ele tem no Caxias apenas o seu quarto clube na carreira. Esse fato orgulha o executivo pela forma como desenvolveu o trabalho nas equipes em que passou:
— Quando se pega o meu currículo, acham poucos clubes, mas onde passei, no Goiás, por exemplo, dez anos. Nesses dez anos, exerci todas as funções dentro do clube e, como executivo de futebol por quatro. No Ceará, foram quatro anos. São clubes que eu passei por processo de reestruturação e que aprendi. Evidentemente, não se traz nada pronto para o Caxias. Aqui existe a cultura, um aspecto local, que temos que entender e estou no processo de entendimento.
Montagem do grupo e questões financeiras
A montagem do grupo do Caxias para a temporada 2023 será construído, na ideia do novo executivo de futebol, não só pelas questões técnicas e financeiras, mas por um conjunto desses fatores, somados também com a mobilização dos jogadores que serão contratados.
— São os quesitos financeiros, se enquadrar dentro do clube. No quesito técnico, porque não adianta trazer um jogador muito bom, ganhando muito e que não vai me dar retorno. E, às vezes, não dá. E, às vezes, você vai trazer um jogador muito barato, porque ele é barato, mas não dá o retorno técnico. E comportamental, que esse atleta tem que estar envolvido no processo. Nós não podemos trazer para cá um jogador que tenha uma história no futebol e que agora está naquele marasmo — explicou o executivo, citando uma situação pontual:
— Se eu trouxer um jogador experiente, cascudo, quero que ele tenha ambição. Ele tem que perceber e tem que estar querendo vir para o Caxias, percebendo que aqui é uma camisa pesada, de um Estado que tem uma tradição enorme no futebol brasileiro. E que ele possa usar, entre aspas, o Caxias para pensar em coisas maiores.
Segurado ainda falou sobre as dificuldades de se montar o time com os valores que o mercado de atletas tem trabalhado:
— Não é fácil. Não é fácil porque o futebol tomou um rumo desproporcional. Para qualquer série. Isso está um absurdo. Não se fala em valores de um dígito, não existe mais no futebol. O orçamento foi passado, estou ciente disso. E estamos trabalhando dentro dessa limitação. Já temos alguns contatos com atletas, conversando, mas respeitando sempre essa limitação financeira. Limitação essa que tem que ser trabalhada, às vezes, com criatividade.
Um dos pontos de crítica para os executivos anteriores do Caxias, na avaliação do agora vice-presidente de futebol grená Paulo Cesar Santos, foi o tempo de contrato firmado com alguns jogadores. Para Marcelo Segurado, a divisão nacional que o clube ocupa tem ligação direta com essa necessidade de adaptação de duração de vínculos.
— A ideia é termos contratos para o ano que vem, para a temporada 2023. Vai ter um ou outro caso que, até mesmo para que possamos ter absoluta certeza, trazer para o Gauchão, mas com prerrogativas de estender para o Brasileiro. Contratos longos eu não sou adepto para esse momento. Nas divisões inferiores, você tem que montar um elenco forte para subir, e aqueles que deram resposta durante o ano você já vai evidentemente vendo: "esse aqui me serve, então vamos buscar para o ano seguinte" — detalhou Segurado.