Thiago Carvalho conhece bem o ambiente de pressão no futebol. Como jogador, entrou em campo com a camisa do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro da Série A e já enfrentou o clássico diante do Atlético-MG, com Ronaldinho Gaúcho em campo. Passados os anos, o profissional enfrenta a pressão como comandante de uma equipe que busca há sete temporadas o acesso nacional para a Série C. O desafio agora é diante do América-RN, em dois confrontos.
O treinador chegou ao Caxias durante a Quarta Divisão, substituindo Luan Carlos, que foi para o Brusque. No começo da trajetória, o profissional deu oportunidade para todos os jogadores do elenco, rodou as peças do time para conhecê-los. No mata-mata, oportunizou uma sequência à espinha dorsal.
Em entrevista ao programa Show dos Esportes da Rádio Gaúcha Serra, às vésperas do tão aguardado confronto do acesso, Carvalho falou sobre diversos temas, entre eles a mudança decisiva na relação campo e arquibancada.
— O comportamento da torcida mudou, e isso, para mim, faz diferença. O apoio deles é fundamental porque, na minha opinião, ninguém nunca conquistou um acesso nacional dentro do Caxias, então não é algo tão fácil de se fazer. Se fosse, já teriam conquistado. Nos pênaltis, no último jogo, quando o primeiro jogador do Real Noroeste vai começar a correr para bater, a torcida fez uma vaia que, ali, ele se afundou. Eu consegui ver que ele sentiu — afirmou o técnico grená.
Para os dois jogos do acesso contra o América, o Caxias chega com um time mais pronto, sem as oscilações da primeira fase. Um ponto apenas tem tomado conta das coletivas, a falta de efetividade da equipe nos quatro jogos realizados do mata-mata. O treinador preferiu enaltecer que o time está criando bastante.
— Se eu pego um adversário, não sofro nada e crio cinco, seis chances de gol, isso é algo muito bom. Então, para mim, nesses dois confrontos, contra o Oeste e o Real Noroeste em casa, nosso time foi muito superior. Não sofremos. É melhorar nessa parte de finalização, ter mais tranquilidade, tentar fazer melhor do que a gente está fazendo. É só continuar, sem duvidar, porque a gente tem potencial para conseguir — avaliou.
AS PRINCIPAIS FALAS DE THIAGO CARVALHO
CONVITE GRENÁ
— Teve uma primeira oportunidade deu errado. Quando deu do Luan Carlos sair eu recebi o convite e vim correndo, porque eu queria estar aqui. É um desafio chegar no meio do caminho. Eu tinha uma ideia de jogo diferente do que era feito e da cultura. No começo cria dúvidas, se vai ter tempo, precisamos vencer. Nos três primeiros jogos a gente ganhou, mas não tinha muita coisa do meio trabalho. Os atletas ganharam na vontade de ganhar. Isso trouxe tranquilidade para implementar tudo.
DUAS DECISÕES POR PÊNALTIS
— Eu tento chamar a responsabilidade para mim. Nas duas disputas, escolhi os jogadores e, se desse errado, era culpa minha. Essa era a única forma de tentar tirar, um pouquinho, o peso que é bater um pênalti, da responsabilidade que é estar ali para decidir. Isso é uma parte mental, óbvio, mas o trabalho acontece de outras maneiras durante a semana.
ADVERSÁRIO
— O América-RN vejo um jogo um pouco parecido na marcação com o Oeste, um jeito de marcar, todas as movimentações defensivas, porém, com mais qualidade ofensiva, com mais jogadores de qualidade, com mais movimentação ofensiva. É um time muito mais perigoso que o Oeste. Mas na parte defensiva, ele dá algo parecido, e a gente precisa fazer bem, porque fazendo bem, a gente tem vantagem em alguns momentos do jogo, e isso pode ser fundamental.
MUDANÇA NO ESTILO ?
— Contra o Real era um jogo diferente, eles não deixavam a gente ter um jogo por dentro. O jogo acabou sendo pelas pontas, com a bola um pouquinho mais longa. Dentro disso, eu escolhi dois jogadores diferentes para jogarem de ponta. Eu escolhi o Matheuzinho e o Bustamante porque são jogadores agudos para fazer isso, diferente do Maicon. Então, essas decisões eu vou continuar tomando, dentro do adversário. O nosso jogo tem um conceito, mas, a partir do adversário, faz a gente ter outras situações para poder aproveitar. O América já é diferente do Real Noroeste e, por isso, vão ter outras situações.
DECISÃO FORA
— Primeiro jogo é muito importante dentro do mata do acesso, pois pode trazer uma confiança e conforto de uma certa forma. Mas sinceramente, cobro muito dos atletas que joguem igual em qualquer lugar. Então não pode fazer diferença. Se a gente não conseguir um resultado positivo aqui, a gente tem condição de conseguir lá. Óbvio que eu quero que a torcida e mando façam a diferença. Mas, se não acontecer, eu lembro da parte mental e se tiver que ganhar lá, vamos ganhar.
SEM INVENÇÕES
— Simplicidade, não tem que inventar nada. É mais um jogo, já tem uma pressão de ser o mata do acesso. É continuar fazendo o que já estamos. É acreditar, trabalhar, humilde. Sabendo que se a gente quer ganhar precisa ser melhor que o América em tudo. Não tem que inventar nada, ninguém precisa ser o herói da história, todo mundo vai vencer junto.
TERCEIRA DECISÃO SEGUIDA
— É muita felicidade. Agradeço a Deus pelos três anos seguidos e conseguir chegar neste mata do acesso. Não é bem fácil. Agora, em um contexto maior que da Aparecidense. Para mim está sendo uma experiência legal e muito confiante. Espero muito que a gente consiga fazer bem.
ELENDO MELHOR QUE DA APARECIDENSE
— É melhor no contexto geral e individual também. Na Aparecidense eu que montei o time e encaixei um pouco mais (nas características), mas no contexto individual é melhor. Vejo melhores jogadores e mais preparados em força e disputa. E a evolução que a gente tem. Isso é nítido da ideia de jogo. E equilibrar tudo isso, pegar a característica de força do sul e isso é a combinação perfeita.
DIOGO SODRÉ EM QUEDA DE RENDIMENTO?
— O Sodré é um finalizador, então esperamos que ele faça gols sempre. Quando acabou errando os pênaltis é natural que as pessoas cobrem o jogador. O Sodré fez um papel importante nesse jogo. Ele estava de volante o segundo tempo inteiro, pois não tinha jogo por dentro. Quem jogava livre era Marcelo e Rennan Siqueira. Taticamente ele fez tudo que eu quis e foi muito bem. Ele abriu mão para participar mais atrás. Não acho que ele está caindo, nada disso.
RECADO AO TORCEDOR
— Quando eu vim, eu vi uma foto do Centenário lotado, eu preciso que lote e que a gente faça a maior atmosfera possível. Mais uma vez, acreditem! Não parem de acreditar. No jogo pode acontecer várias situações e eles precisam continuar acreditando e mandando energia e apoio para juntos conseguirmos o acesso.